Terminou sem consenso a reunião entre o Ministério Público (MP), vereadores e representantes da Prefeitura de São Carlos para decidir possíveis ações de combate à epidemia de Covid-19 na cidade. Entre os assuntos que entraram em pauta estavam o toque de recolher estendido, o fechamento obrigatório do comércio às 19h e a instalação de barreiras sanitárias em todas as entradas e saídas da cidade.
Segundo o vereador Marquinho Amaral (PSDB), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, pelo menos duas ações foram descartadas já de pronto durante a reunião: a imposição de lockdown regionalizado, uma vez que não cabe à Promotoria de São Carlos interferir em assuntos regionais, e a instalação de barreiras sanitárias em todas as entradas da cidade, por falta de mão-de-obra especializada.
“Como vamos tirar pessoas capacitadas das UBSs, UPAs para fazer barreira sanitária? Vamos ver a possibilidade de fazer terceirizado com uma empresa que trabalha com profissionais da saúde”, esclarece.
Ainda foram debatidos outros pontos, como o fechamento obrigatório de estabelecimentos após às 19h (atualmente o atendimento ao público acontece até as 21h) e proibição de circulação das 19h às 5h. Pelo Plano São Paulo, o toque de recolher se inicia às 21h, diariamente.
“Mas existe uma liminar da juíza da Vara da Fazenda que dão condições para que algumas lojas funcionem em período maior”, afirmou.
Para resolver a pendência, Prefeitura e Ministério Público irão analisar as liminares válidas e buscar saídas legais que possam abrir o caminho para a uma futura restrição de funcionamento.
De concreto, ficou decidido que haverá uma nova reunião para discutir os próximos passos. “O que ficou acertado hoje é que haverá uma outra reunião com o prefeito junto e comitê para ver quais são essas liminares e buscarmos uma solução de medidas mais efetivas”.
Pressão por mais UTIs
O presidente da CPI da Saúde afirmou haver uma pressão dentro do Legislativo para que a Prefeitura abra novas unidades de terapia intensiva (UTIs) e leitos de internação para pacientes com Covid-19.
“Segundo o Palermo disse hoje é que está em andamento tanto com a Santa Casa quanto o Hospital Escola. Há uma tratativa para que sejam criados novos leitos nos dois hospitais”, afirma.
Posição anti-lockdown
O presidente da CPI que investiga as ações da Secretaria da Saúde afirmou não acreditar que um lockdown traria resultados para São Carlos.
“Em Araraquara fez no período que fez e não trouxe resultados. Esse estouro não é da nossa região, é praticamente do estado de São Paulo todo”, opina.
Apesar do argumento do vereador, o município de Araraquara chegou a ficar 48 horas sem mortes por Covid-19 e os efeitos perduraram por até 45 dias, com a redução da média móvel de casos de 7 dias em 72,8%, segundo acompanhamento do Grupo de Inovação e Extensão em Engenharia Urbana da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
“Sou uma pessoa que tem pautada a minha conduta nessa questão da pandemia, bem antes da presidência da CPI sempre ouvindo a ciência. Nós temos que ouvir as pessoas que têm os dados, têm os números e trabalham no dia a dia”, avalia.