Com os índices de contaminação em alta, implicando em maiores taxas de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) em São Carlos (SP) o setor hospitalar enfrenta novo desafio: a obtenção de mão de obra de intensivistas. A avaliação é do vice-presidente da Unimed São Carlos, Ivan Linjardi.
“Nós temos como aumentar (o número de) leitos, mas o problema não é somente médicos, mas funcionários”. “Os funcionários que não estão habituados com esse tipo de paciente, de alta complexidade, corre até mais riscos de se contaminar”, relata.
De acordo com o vice-presidente, há dificuldades na obtenção de profissionais intensivistas, especializados no suporta avançado de vida.
“Entre profissionais médicos também temos dificuldades, estamos no limite. Se aumentarmos muito não teremos pessoal para cuidar”, comenta.
Dos 18 leitos de UTI disponíveis do hospital, dez são para uso exclusivo de pacientes com Covid-19. Conforme o dirigente, a taxa de ocupação oscila entre 80% e 100%. Nesta sexta-feira (29), é de 80%.
“Os outros leitos que são destinados para pacientes que não têm Covid estão com 90% de ocupação. Temos dois pacientes nessa UTI que eram covid, mas continuam precisando de cuidados. Nossa situação é bem difícil”, resume.
Linjardi participou nesta sexta-feira de uma reunião da Comissão de Saúde da Câmara de São Carlos. Na tribuna, pode compartilhar as dificuldades enfrentadas no combate à Covid-19. O médico afirmou que a população “perdeu o medo da pandemia”.
“Isso observamos não somente nos ambientes públicos, mas nos privados também. Pequenas aglomerações são tão maléficas quanto um estabelecimento comercial que não respeita os protocolos. É isso que as pessoas precisam enxergar”, explica.
De acordo com o médico, os órgãos públicos não têm como fiscalizar todo mundo. São necessárias conscientização e mudança de comportamento. “Precisamos respeitar a pandemia e isso não está acontecendo”.
“A situação está grave em relação ao número de leitos. Não podemos esperar a vacinação acontecer para tomarmos medidas. A conscientização precisa acontecer já, agora, tem de ser imediata”, opina.
Vacinação pública
Para o dirigente da cooperativa, o setor privado pode ajudar na comercialização e na imunização da população, “mas existe um viés ético que precisa ser levado em consideração”.
“Eu não tenho essa resposta, mas tenho a impressão de que precisamos pensar que o setor privado pode ajudar, sim. Antes disso precisamos garantir que os nossos idosos e profissionais de saúde precisam ser vacinados. Então os profissionais de maior risco precisam ser priorizados neste momento”, comenta.
“Acho que essa discussão sobre se vai abrir para o privado ou não ela só deve ser feita se tivermos garantia que a população de maior risco do brasil inteiro seja priorizada”, finaliza.