O Comitê Emergencial de Combate ao Coronavírus se reuniu na tarde desta quinta-feira (28/01), no Paço Municipal, com representantes do comércio, indústria, hospitais públicos e privados, planos de saúde, serviços em geral como restaurantes, hotéis, supermercados, academias e do setor de eventos.
A pauta da reunião foram os números alarmantes no aumento de infectados e de pacientes que necessitam neste momento de internação hospitalar em leitos de UTI/SUS, e também nas enfermarias dos hospitais públicos e privados.
No dia 2 de janeiro desse ano o município registrava 6.179 casos positivos da doença, após 26 dias esse número saltou para 8.397, um aumento de 2.218 casos. Nesse mesmo período foram 18 mortes registradas por COVID-19, passando de 74 óbitos para 92. A taxa de ocupação de leitos UTI/SUS era de 46,4%, hoje estamos com 78%. Outro aumento significativo é com relação aos números de pacientes em enfermarias públicas e privadas. No início do ano eram 15 pessoas, e agora já está perto de 40 internados entre suspeitos e infectados.
O recado do município foi claro, além de preocupante, já que novamente o índice da UTI quase chega a 80%, sendo que em alguns hospitais permanece ainda com 100% de ocupação. “Todos os indicadores de monitoramento da pandemia seguem no nível vermelho, ou seja, em alerta total.
A nossa intenção é deixar todos os setores cientes dessa situação e que, se necessário, a Prefeitura poderá editar um decreto local passando o munícipio integralmente para a fase vermelha, independente da classificação do Plano SP”, explicou Mateus de Aquino, coordenador do Comitê, lembrando que não se pode relaxar as medidas de distanciamento social e o uso de máscaras contra a COVID-19. “Contudo, as recomendações dadas por especialistas em saúde pública não estão sendo seguidas”.
O presidente da Câmara Municipal, Roselei Françoso, avaliou importante a reunião e solicitou que os números sejam apresentados também na Câmara Municipal para os demais vereadores. “Estamos no pico da doença e não podemos deixar ninguém sem atendimento. A população tem que contribuir”, disse o presidente do Legislativo.
Para o diretor médico da Santa Casa, Roberto Muniz, a situação é muito preocupante. “Não queremos ter que escolher quem colocar na UTI. Se não houver uma ação da sociedade, todos os esforços serão insuficientes e muitas pessoas irão perder a vida de forma desnecessária”, avaliou o médico.
“É muito difícil a gente prever as condições de vagas, mas já estamos trabalhando no limite. A Santa Casa tem um ou dois leitos disponíveis, o momento é preocupante e desesperador. Não só concordo com a Prefeitura, como apoio a decisão das autoridades municipais com medidas mais duras para preservamos vidas”, ressaltou Antônio Valério Morillas Júnior, provedor da Santa Casa.
O diretor Técnico do Hospital Universitário (HU), médico Rodrigo Ferreira, revela que o hospital vem constantemente com 100% de ocupação. “Temos 10 leitos de UTI/SUS e quando um paciente recebe alta, já temos outro esperando a vaga”.
José Fernando Domingues, presidente da ACISC (Associação Comercial e Industrial de São Carlos) garante que vai repassar o recado para todos os comerciantes e pedir mais rigor no cumprimento dos protocolos sanitários. “Não queremos um lockdown. Passamos por isso no início da pandemia e sabemos como é difícil. Todos precisam colaborar”.
A diretora de Vigilância em Saúde, Crislaine Mestre, disse que a situação é preocupante em toda a região, o que complica ainda mais a questão de internação. “A DRS III nos confirmou que dos 120 leitos de UTI/SUS que temos em toda a nossa região, 99 estão ocupados no momento. Isso é muito alarmante porque não temos nem para onde referenciar os pacientes se chegarmos a 100% de ocupação aqui em São Carlos”, ressaltou a diretora.
“Vamos intensificar a Força Tarefa e a fiscalização vai apertar. Os reincidentes não serão perdoados, o período de orientação já passou”, avisou o secretário de Segurança Pública.
No final da reunião a Secretaria de Comunicação apresentou a campanha publicitária desenvolvida pela Prefeitura de São Carlos de conscientização da gravidade da pandemia do novo coronavírus e dos cuidados necessários para evitar a doença.