Dias após a decisão municipal de não aderir ao endurecimento da quarentena, o tema continua repercutindo no meio político e entre as autoridades responsáveis pela contenção da epidemia em São Carlos. Para o coordenador do Comitê Emergencial de Combate ao Coronavírus, Mateus de Aquino, a adoção de regras mais duras deve partir do governo do Estado.
“Medidas mais restritivas tem que ser tomadas pelo Estado de São Paulo, pois são eles quem fornecem os leitos de UTI (unidades de terapia intensiva) e a rede que regula a situação dos leitos”, opina.
Para o coordenador, o comitê “não tem poder de decisão” e serve para monitorar, sugerir e ir atrás de soluções para orientar o prefeito.
“Uma coisa é sabida, é certa. Se a sociedade tivesse empregando seu comportamento da melhor forma possível, essa situação (de elevação do número de casos) não estaria presente, não estaríamos com colapso nos hospitais. Isso é fato”, relata.
No último sábado (14), o secretário de Saúde, Marcos Palermo, refutara a responsabilidade de sua pasta na decretação ou não de medidas mais duras. Afirmou que “compete ao comitê”.
Na segunda-feira (15), São Carlos superou em uma quinzena o total de mortes registradas nos 31 dias de janeiro. No mesmo dia, membros do comitê se reuniram para decidir que tudo continua igual na cidade. Araraquara, Santa Lúcia, Motuca, Nova Europa e Américo Brasiliense já restringiram a movimentação de pessoas.
“Isso não está previsto no Plano São Paulo. É muito difícil (implantar). Nós entendemos o que Araraquara tem feito e outras cidade, o que exige um esforço de segurança pública que geralmente as cidades não têm. Como não é possível ter uma força-tarefa que cubra todas as situações da cidade, nem recursos humanos para que isso aconteça, pode acontecer por alguns dias, mas é difícil você ter essa administração por mais tempo”, justifica.
Aquino citou uma redução no número de pessoas diagnosticadas nos últimos dias, que teria passado de uma média de 200/dia para entre 40 e 50/dia. “Houve uma confirmação menos expressiva, mas ainda são números altos, que nos deixam assustados”, relata.
O clima de polarização entre os favoráveis ao endurecimento e os que pedem relaxamento estariam prejudicando a análise no município. “Temos uma polarização, de abre e fecha. A turma do fecha e a turma do abre. É uma situação que nós vamos mediando, vamos reequilibrando da melhor maneira possível”, finaliza.