A região de São Carlos (SP) tem a segunda pior taxa de ocupação de unidades de terapia intensiva (UTI) dedicadas a pacientes com Covid-19 em São Paulo. O dado é do governo do Estado e foi divulgado em balanço que colocou a cidade na fase vermelha do plano de flexibilização. A situação poderia encaminhar para colapso, segundo médico epidemiologista.
Com 85,7% de ocupação das UTIs, o Departamento Regional de Saúde (DRS-3) ficou atrás da regional de Bauru (SP), com 90,1%. O terceiro pior índice foi registrado por Franca, com 84%. As três regionais são as únicas que ficarão na fase vermelha do Plano São Paulo a partir de sábado (6).
O recrudescimento da epidemia de Sars-CoV-2 na região de São Carlos ocasionou a mudança de fase. A taxa de novos casos para cada 100 mil habitantes aumentou em 90,6% no período de um mês. O índice que era de 212,6 em 8 de janeiro chegou a 405,3 nesta sexta-feira. A taxa de ocupação de leitos de UTI passou de 44,4% para 85,7% no mesmo período.
O Palácio dos Bandeirantes ainda divulgou dado que reflete diretamente na ocupação de enfermarias e leitos de terapia intensiva. A razão de novas internações passou de 40,4 para 58,7 no período pesquisado, majoração de 45,3%.
Alta da mortalidade por Covid-19 na região refletiu diretamente nos indicadores analisados pelo Comitê de Contingenciamento do Coronavírus do Estado. Há um mês, quando São Carlos estava na fase amarela do Plano São Paulo, a taxa de mortos por 100 mil habitantes era de 1,9. Nesta sexta-feira chegou a 7,4 (+289,5%).
Para o médico epidemiologista e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Bernardino Alves Souto, a situação da região poderia se encaminhar para um colapso do sistema de saúde pública. “Estamos caminhando para um estado de colapso em relação a pandemia e é muito importante que essas medidas sejam tomadas. Caso contrário, vamos ter ainda mais casos de mortes, maior sobrecarga hospitalar, mais doentes na cidade e com as dificuldades que isso poderá trazer”, relata.
Segundo epidemiologista, há uma “necessidade urgente” de um endurecimento das medidas de prevenção. Souto ainda pediu investimento em vigilância epidemiológica, para que haja mais “condições tecnológicas de operacionalizar e ter um controle mais eficaz da pandemia”.
As novas medidas de restrições impostas pelo Palácio dos Bandeirantes têm o potencial de refletir na circulação de pessoas pela cidade, uma vez que o comércio e serviços não essenciais ficarão fechados. São Carlos, que no início da pandemia chegava a 60% de adesão ao isolamento, chegou às mínimas de 37% no final do ano passado. Nesta quinta-feira (4), a taxa ficou em 40%.