São Carlos (SP) registrou ontem (18) o maior número de casos para uma terça-feira desde o final do mês de março. Há pelo menos duas semanas, há quantidade crescente de pacientes com resultados positivos para a doença. Segundo epidemiologista, o aumento pode indicar sobrecarga hospitalar nas próximas semanas.
A comparação foi feita pelo portal ACidade ON com base nos relatórios diários divulgados pela Prefeitura de São Carlos.
Na semana encerrada ontem a cidade somou 750 novos casos de Covid-19, com destaque aos 264 casos reportados no dia, o maior número para uma terça-feira desde 30 de março, dia em que a Prefeitura teve problemas nas notificações em plataforma do Sistema Única de Saúde (SUS). Em 4 de maio, a soma semanal foi de 487, segundo a Prefeitura.
O aumento da última semana é o segundo consecutivo, em uma tendência que interrompeu a sequência de quatro baixas semanais consecutivas iniciada em 6 de abril.
A alta de novos casos acontece em um momento em que São Carlos já registra ocupação de leitos de UTI próximo à lotação. Nesta quarta-feira (19), em boletim divulgado pela Prefeitura, a taxa estava em 97,3%. Para o epidemiologista Bernardino Alves Souto, professor de medicina da UFSCar, pode haver problemas de vagas no futuro.
“Nós já estamos esperando uma sobrecarga hospitalar importante já agora no mês de junho, daqui a 15 ou 20 dias. Isso está previsto porque o número de casos está aumentando e o de mortes também. Então vai acontecer uma congestão hospitalar ao longo de junho”, avalia.
Ao longo de duas semanas, o número de casos na semana aumentou em 54% em São Carlos. Todavia, o número de mortes semanais caiu quase 60%, de 24 (na semana encerrada em 4/5) para 10 (nos sete dias terminados em 18/5). O professor apontou indícios de subnotificação e a presença da nova cepa na cidade. Nesta quarta, a Prefeitura de São Carlos anunciou a descoberta de cinco novos casos da variante P1 no município.
“Uma hipótese é que estamos vendo somente (os números) dos casos mais graves, a outra é que a doença está vindo de forma mais grave, ou atingindo pessoas mais vulneráveis, procurando o serviço mais tardiamente. A nova cepa já é majoritária na nossa região, em relação às outras”, comenta.
Um cenário de nova cepa circulando e com baixa taxa de vacinação no país faz surgir entre os epidemiologistas o temor de uma nova onda da Covid-19. A preocupação foi demonstrada pela própria Fundação Oswaldo Cruz na semana passada.
Segundo a Fiocruz, apesar de quedas observadas em algumas regiões brasileiras, há “intensa circulação do vírus”, alimentando a suspeita de repique.
Embarcando na onda de redução do número de casos em uma análise de todo o território paulista, o governo do Estado anunciou hoje novas flexibilizações do Plano São Paulo. A partir de segunda-feira (24), os estabelecimentos poderão receber mais clientes de uma só vez e em 1º de junho funcionarão por maior horário.
“Agora é hora de fazer lockdown. Esse modelo de flexibilizar com base na ocupação de leitos de UTI não controla a pandemia. A pandemia continua grave e avançando, aumentando o número de mortes porque esse plano não funciona”, critica.