São Carlos (SP) teve o segundo maior crescimento no número de internações em São Paulo, segundo o Covid-19 Info Tracker, ferramenta desenvolvida por universidades paulistas. Há pelo menos seis dias a média móvel de casos tem se mantido acima de 90, segundo o governo do Estado.
De acordo com o Covid-19 Info Tracker, o número de internados em São Carlos passou de 46 para 66 no período de sete dias, aumento de 43,48%. A cidade paulista com maior aumento proporcional foi Guarujá, no litoral, com crescimento de 43,75% no número de internados.
Na quinta-feira (21), São Carlos atingiu 100% de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) geridos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os dez leitos do Hospital Universitário da UFSCar e os 14 da Santa Casa estavam ocupados até a noite de ontem. A Santa Casa anunciou a abertura de quatro novos leitos para desafogar a UTI.
Ontem, a Unimed São Carlos, que mantém um dos hospitais privados, lançou uma carta aberta sobre a atual situação epidêmica na cidade e classificou como “o pior momento”.
“Estamos notando um aumento do número de casos gradativamente e chegamos num ponto de um número de casos muito alto na cidade e isso obviamente repercutiu na carteira Unimed. Nesta semana tivemos 100% da ocupação de leitos de pacientes Covid, com 10 pacientes internados no começo desta semana e tivemos uma alta ao longo da semana e atualmente estamos com 90% de ocupação dos leitos de UTI Covid no hospital”, comenta o vice-presidente da cooperativa, Ivan Linjardi.
Segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), na quinta-feira, a média móvel de novos casos de Covid-19 na cidade foi de 91. Entre sábado (16) e segunda-feira (18), a média alta teve sucessivas renovações de recordes, chegando ao pico de 98 na segunda-feira.
Os próprios dados divulgados diariamente pela Vigilância Epidemiológica (Vigep) de São Carlos mostram um aumento exponencial do número de casos. Em um mês, o número de infectados passou de 5.412 para 7.681. Foram 2.269 novos casos no período.
A velocidade em que as pessoas são contaminadas também tem aumentado. Nos primeiros 21 dias de dezembro foram anotados 1.112 casos de infecção por Sars-CoV-2. Já nos primeiros 21 dias deste ano foram 1.649 reportados, aumento de 48,29% no número novos de infectados.
O governo do Estado divulgou nesta tarde de sexta-feira (22) nova atualização do Plano São Paulo, atualizando a classificação da região, que faz parte do Departamento Regional de Saúde de Araraquara (DRS-3), na fase laranja, a segunda mais restritiva.
A apresentação do governo mostra que a evolução da pandemia está mais acelerada. Na última atualização, a região tinha 384,9 novos casos para cada 100 mil habitantes. Em 8 de janeiro, na primeira atualização de 2021, eram 212,6 novos casos para cada 100 mil, variação de 81% em duas semanas.
Para o médico epidemiologista e professor do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Bernardino Alves Souto, São Paulo precisa endurecer ainda mais as regras para diminuir a disseminação do Sars-CoV-2.
“Teríamos que fazer lockdown, fazer barreiras sanitárias nas entradas da cidade, fazer testagem em massa da população e garantia a possibilidade de isolamento real dos infectados. Há uma série de medidas que precisamos fazer. A população tem que ser convocada a colaborar”, opina.
Na contramão das estatísticas, nesta sexta-feira um grupo de donos de bares e restaurantes protestaram pedindo que a cidade ignore as restrições impostas pelo Estado no Plano São Paulo. Pelo plano, bares não poderão atender presencialmente e haverá fase vermelha, na qual podem funcionar somente serviços e comércios essenciais, depois das 20h.
O coordenador do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus, Mateus de Aquino já adiantou que o município deverá seguir integralmente a cartilha imposta pelo governo do Estado.
“Nós temos uma decisão judicial que nos faz sim seguir o Plano São Paulo, mas não devemos nos furtar à obrigação, ao dever de poder público de verificar a necessidade de formos ainda mais radicais. É claro que não queremos, mas o comitê existe para dar o equilíbrio entre as condições hospitalares e as das atividades econômicas. Hoje a situação hospitalar é muito grave”, afirma.