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CoronavírusSão Carlos tem "índice" para lockdown há um mês

São Carlos tem “índice” para lockdown há um mês

Se usasse as mesmas regras de Araraquara, município teria implantado confinamento em meados de maio; taxa de positivados é de 40%

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Centro de São Carlos (SP). Foto: ACidade ON

São Carlos (SP) teria tido um lockdown há pelo menos um mês se o município seguisse regras semelhantes às aplicadas em Araraquara, cidade que discute nesta quinta-feira (17) a realização de confinamento.

Com base no decreto araraquarense, um confinamento deve ser decretado assim que o município ultrapassa os 20% de positivados por três dias consecutivos ou em cinco de sete dias. Há pelo menos um mês a média de positivados em São Carlos está em 38%, o que colocaria automaticamente a população em lockdown.

O índice de positivados calculado pelo ACidade ON São Carlos é obtido por meio de informações disponibilizadas diariamente pela Prefeitura e se referem testes e exames realizados pelo Sistema Único de Saúde. Todos os dias são divulgados os números de exames realizados, positivados e negativados, dados com os quais é possível saber o percentual de infectados entre as pessoas que apresentam sintomas de síndromes gripais.

Para efeito de comparação, enquanto São Carlos apresentou cerca de 44% de positivados entre os sintomáticos nos últimos três dias, Araraquara tem calculado entre 20% e 25% de infectados dentre os sintomáticos no mesmo período, valor que motivou o lockdown.

Segundo o médico epidemiologista Bernardino Alves Souto, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o estabelecimento da regra araraquarense de decretar confinamento quando a taxa de positivados estiver acima de 20% é ainda bastante permissiva, tendo por base a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) de os gestores ficarem atentos já a partir de 5%.

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“O ponto de corte devia ser 5%. Em São Carlos, por exemplo, chegou a passar os 50% e vem se mantendo acima dos 30%, de forma que toda a região precisa urgentemente de lockdown. Isso deveria ter sido feito já no ano passado e não foi feito, trazendo a pandemia para essa situação grave que estamos vivendo hoje”, avalia.

A situação mais agravada em São Carlos é traduzida por meio de números. Entre 9 e 16 de junho, foram 25 mortos na cidade e 641 casos de Covid. Na semana encerrada hoje, em Araraquara, foram 21 mortes e 982 casos.

O número maior de casos em Araraquara pode ser justificado pelo programa mais robusto de testagem aplicado por lá, em contraponto com um protocolo que tem focado mais na testagem de sintomáticos. Na média semanal, o município vizinho tem aplicado, no mínimo, o dobro de testes: são 668 por lá e 303 cá.

“Se o número de mortes está subindo é porque o de casos está também. Não tem condições de ter mortes sem ter casos. E aí se começa a achar que o total de casos é pouco pois tem muitas mortes. A primeira coisa a se desconfiar é que não estamos detectando os casos não graves”, explica.

E prossegue: “Pode ser um indicador de subnotificação de casos não graves e apontar a necessidade de qualificação da busca ativa de casos para ter o número correto de casos”.

Outro dado que aponta para uma subnotificação de casos de Covid-19 em São Carlos é a persistente alta na ocupação de leitos de terapia intensiva (UTI) na cidade, sempre acima dos 90%. Há ainda o fato de diversos pacientes são-carlenses estarem internados em enfermarias e UTIs de outras cidades da DRS ou fora dela. Em Araraquara, por exemplo, 16 moradores locais estavam em algum tipo de internação na cidade vizinha.

Uma das saídas apontadas pelo professor é o lockdown regionalizado, com medidas trabalhadas em conjunto pelos municípios. Há, entretanto, entraves políticos que impedem uma ação coordenada. Hoje mesmo, em reunião com representantes de todas as cidades, foi sepultada de vez a ideia.

“Quando um município decreta uma medida e outro vizinho não faz, o que não fez prejudica a si e ao que faz, além da região. Então seria necessária uma união regional e todas as cidades fazerem o mesmo lockdown, barreiras sanitárias e qualificação da vigilância epidemiológica para garantir efetivamente o isolamento das pessoas infectadas, a partir da testagem em massa”, resume.

Para Souto, a adesão a um isolamento é uma questão de “responsabilidade ética e social”. “Se não tiver lockdown neste momento é porque não está preocupado realmente em combater a pandemia”, finaliza. 
 
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