Nos 31 dias de janeiro, a rede pública de saúde de São Carlos aplicou 60,6 testes de Covid a cada 1.000 habitantes, ou 6%. O município enfrentou escassez de testes, restringiu o acesso, e viu minguar os números de testados durante quase duas semanas. Na comparação com Araraquara, a taxa de cobertura dos testes foi de mais de 20%, mas considerando testagem pública e privada.
Os números são da Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos. Foram aplicados, em janeiro, 15.567 testes de Covid no Sistema Único de Saúde (SUS). No mesmo período Araraquara teve 52.253 aplicações, mas somando testes públicos e privados. Porém, por lá, na média, três em quatro testes são do SUS, segundo a administração da cidade.
Na comparação desde o começo da pandemia, a diferença é ainda maior. Do “Dia 1” da pandemia até o fim de janeiro São Carlos usou 88.729 testes, entre os de “dedinho” e PCR no setor público. Em Araraquara foram 345.955, incluindo os testes pagos na rede particular. Porém, 75% dos testes da Morada do Sol, na média, são públicos.
Considerando as diferenças de testagem, o pesquisador e fisiopatologista Victor Engrácia Valenti avalia que Araraquara mantém um melhor controle da pandemia.
“Há vários fatores que influenciam no controle da pandemia e um deles é a taxa de positivados. Essa variável ajuda a entender se daqui a algum tempo a doença vai piorar ou se está controlada, diminuindo sua gravidade. Neste contexto, pelo fato de Araraquara ter maior número de testes realizados relativamente, a gente consegue entender que Araraquara tem essa vantagem em comparação com São Carlos”, afirma.
Usando a referência internacional de uso de testes, que compara a quantidade aplicada a cada 1.000 habitantes, São Carlos empregou 345,4 testes a cada milhar. O número coloca a cidade pouco acima da taxa nacional de 314 por 1.000. Segundo dados da plataforma Our World In Data, referência mundial na comparação de enfrentamento da Covid, se fosse um país, São Carlos estaria no mesmo pelotão brasileiro que inclui Ruanda (340/1.000), Tunísia (342/1.000) e Namíbia (356,4), três países africanos.
Por outro lado, vizinha Araraquara tem taxa de 1.451 testes para cada 1.000 habitantes. Na prática, é como se tivessem sido usados três testes a cada duas pessoas. O número, mais de quatro vezes maior do que o são-carlense, coloca o município vizinho em patamar de Jordânia (1.443/1.000), Canadá (1.486/1.000) e Países Baixos (1.507/1.000).
Embora a testagem em Araraquara auxilie, e muito, no combate à Covid-19, o pesquisador afirma que nenhuma das cidades realiza um padrão ideal de testagem, inclusive com o uso de exames do tipo PCR, mais precisos na análise.
“O ideal seria fazer a testagem em massa, numa situação em que o pessoal da saúde pudesse ir à casa das pessoas, pudesse testar pessoas sem sintomas”, esclarece.
Investimentos públicos
Segundo o Departamento de Finanças, São Carlos desembolsou em recursos próprios pouco mais de R$ 7 milhões com as compras dos exames de Covid-19. Não foram consideradas verbas carimbadas. Estão empenhados outro R$ 1,1 milhão para a compra de mais PCR com o tesouro municipal, afirmou a Prefeitura em nota.