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CotidianoAdvogado dá dicas para você não cair no 'Golpe da Novinha'

Advogado dá dicas para você não cair no ‘Golpe da Novinha’

Perfis atraentes seduzem vítimas e realizam extorsão após conseguir fotos comprometedoras; criminosos montam até delegacia falsa no convencimento, explica criminalista

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Golpe é comum e faz vítimas em todo o país. Foto: ACIdade ON
Golpe é comum e faz vítimas em todo o país. Foto: ACIdade ON

Tudo começa com curtidas e comentários elogiosos em postagens e termina em extorsão e temor de ter fotos comprometedoras expostas. Esse é o “Golpe da Novinha”, que já vitimou um idoso em São Carlos e causou prejuízos de milhares de reais em todo o país.

Em várias partes do país, perfis falsos fisgam o interesse das vítimas, que puxam conversa em privado e logo o papo evolui para algo mais quente e troca de fotos. A situação muda no dia seguinte, em uma sucessão de acontecimentos se assemelha a um pesadelo.

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Após as conversas quentes, outra pessoa entra em contato com a vítima se passando por mãe ou pai. O andamento do diálogo é sempre o mesmo. A “novinha” na verdade é menor de 18 anos e teve “crises psicológicas” depois de se “expor” para um adulto, que no caso é a vítima.

Daí, vem a primeira extorsão: pede-se reparação financeira pelo celular ou móveis quebrados pela “menina”, segundo o advogado criminalista Renan Farah. Em um segundo momento, os criminosos audaciosos dão andamento ao golpe simulando até um depoimento falso da “mãe” à Polícia Civil, com logo do órgão e tudo mais. O objetivo é obter mais recursos.

“Eles vêm com uma proposta que é algo que não existe. É a transação penal antecipada, o que não há na legislação. Pedem um valor X para que ele (a vítima) não seja preso. Envolvem até um delegado falso e usam a marca da Polícia Civil”, relata o advogado cujo um dos clientes cedeu R$ 80 mil para os criminosos.

O criminalista afirma que a vítima tende a ficar “cega” com as informações, ameaças, extorsões que são feitas mediante o verdadeiro pesadelo a que é submetida a dias. Diferente de outros golpes, esse é feito passo a passo, com os criminosos dobrando a aposta, sempre pedindo mais.

“O abalo psicológico é intenso mesmo. As pessoas quando têm sua reputação, emprego, a vida conjugal ameaçada, além do risco de ser preso, estão em uma pressão enorme. Tenho clientes que pensaram seriamente em suicídio. Há esse risco”, comenta.

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O primeiro conselho dado por Farah é manter a calma e bloquear os telefones da “falsa” família de criminosos. Depois, havendo a ameaça de vazamentos e de forma a conter danos, é encarar a situação e contar a verdade para a esposa ou empregadores.

“Outra coisa. Tem que fazer o boletim de ocorrência, pedir abertura de inquérito para que, se possível, se busque os responsáveis”, aconselha.

Entre as provas que podem servir na apresentação à Polícia Civil estão comprovantes de depósito, transferência ou Pix, números dos telefones usados por criminosos e perfis nas redes sociais da “novinha”. “Pelos telefones, através das ligações, dá para identificar o local pela rádio base”.

“Eu acredito (que as ligações) venham de presídios. Mas é possível identificar, há várias questões que a polícia tem como puxar. Só não vai ter (investigação) se ninguém relatar, não fazer BO (boletim de ocorrência) e o crime continuar na obscuridade, na clandestinidade”, opina.

A subnotificação de casos desta modalidade de golpe dificulta o trabalho das autoridades policiais. Para o advogado, pelo menos 95% das vítimas não relatam à Polícia Civil casos de extorsão.

“Um advogado contratado pode fazer uma requisição de instauração de inquérito policial, um tipo de boletim de ocorrência, no qual ele faz todo o relato e relaciona as provas. Isso ajuda muito a polícia e evitaria a questão da vergonha”, conclui.

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Bruno Moraes
Bruno Moraeshttps://www.acidadeon.com/saocarlos/
Bruno Moraes é repórter do acidade on desde 2020, onde faz a cobertura política e econômica. É autor do livro “Jornalismo em Tempos de Ditadura”, pela Paco Editorial.
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