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CotidianoCom consumo alto, reservatórios do Saae iniciam o dia com "meia carga"

Com consumo alto, reservatórios do Saae iniciam o dia com “meia carga”

Reposição noturna não consegue fazer frente ao consumo na cidade; captação de água caiu 9%, puxada pela quebra na “produção” em rios da cidade

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Reservatórios de água de São Carlos ficam baixos por conta da alta demanda. Foto: Bruno Moraes / ACidade ON
Reservatório do Santa Felícia já estava com nível baixo por volta das 9h30 desta quarta-feira (22). Foto: Bruno Moraes / ACidade ON

A estiagem tem afetado o consumo e a produção de água em São Carlos. A captação de rios caiu e os reservatórios abastecidos pelo Aquífero Guarani não dão conta da demanda e começam o dia com metade de sua capacidade usada em alguns casos.

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Segundo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), entre janeiro e agosto, foram captados na cidade, entre rios e poços 28 milhões de metros cúbicos (m³) de água. Há um ano, nos oito primeiros meses, a autarquia havia retirado 30,7 milhões de m³. São 9% a menos neste ano.

A quebra na produção se deu sobretudo na captação de águas superficiais, responsável por 40% do volume consumido na cidade. O Saae dispõe de dois centros captadores: no córrego do Feijão e o Espraiado, no Monjolinho. Os dois sistemas deixaram de captar 4,6 milhões de metros cúbicos neste ano, redução de 30% frente 2020.

“Nós temos problemas com a captação do Espraiado, que é o Córrego Monjolinho, cuja vazão diminuiu em mais de 50%, na comparação com a época de chuva. Vai continuar assim até outubro se não chover”, explica Benedito Carlos Marchesin, presidente da autarquia.

No Espraiado o volume menor de água disponível faz com que o Saae deixe ligada apenas uma das duas bombas do local. Em apenas 5 horas diárias as duas bombas funcionam em conjunto. Para efeito de comparação, em épocas de cheia, a captação em 100% da capacidade é em tempo integral.

O Aquífero Guarani, presente em 60% das torneiras, tem fornecimento de água mais estável. São mais de 30 pontos de captação profunda no município que fornecem água límpida ao sistema. Mas ainda assim enfrentam dificuldades.

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Antes, reservatórios que iniciavam o dia a 100% agora registram 60 a 70% – ou até menos às 6h. Bairros como o São Carlos 3, Santa Felícia, Vila Nery, Boa Vista, Ipanema e Douradinho têm sofrido com o baixo volume no período da tarde. Em alguns momentos, há tão pouca água reservada que pontos mais distantes do centro de distribuição e áreas mais altas ficam com as torneiras secas.   

A autarquia acompanha em tempo real a captação e reservação em 30 pontos da cidade. Um meio de não deixar faltar distribuição é deixar as bombas ligadas por 24 horas por dia, contrariando recomendação do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daae), do governo do Estado, que indica “descanso” de 4 a 5 horas para reposição do nível de água no subsolo. Em alguns casos técnicos da autarquia precisaram descer ainda mais as bombas submersas para fazer frente a queda do nível do aquífero.
 

Centro de Telemetria do Saae acompanha em tempo real o uso dos reservatórios. Foto: Bruno Moraes / ACidade ON
Centro de Telemetria do Saae acompanha em tempo real o uso dos reservatórios. Foto: Bruno Moraes / ACidade ON

Por ora o Saae não fala em racionamento de água na cidade. Mas um pedido da autarquia é que a população faça o uso racional. Segundo o presidente do órgão, apesar das notícias da falta de chuvas e níveis baixos nos reservatórios de todo o país há quem desperdice água lavando a calçada e o carro. “Tem o cúmulo de algumas casas na periferia jogarem água no telhado para resfriar o ambiente. A pessoa não tem consciência”, explica.

Apesar do desperdício de água dos consumidores, o Saae tem de lidar com suas próprias perdas. De acordo com o Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS), 43,5% da água tratada em São Carlos se perde por vazamento na rede ou por furto de água. É como se dos 28 milhões de m³ de água retirados de rios e poços, 12,2 milhões se perdessem por gatos ou furos na malha de distribuição.

Em uma tentativa de reduzir o percentual de perdas na cidade, o Saae firmou contrato para a realização da substituição das redes no Jardim Cruzeiro do Sul e na rua Dona Alexandrina, em trecho da região central. Os tubos de ferro darão lugar ao Pead, material flexível que necessita de menos emenda e mais resistente a fraturas. De acordo com Marquesin, a nova rede será instalada sob a calçada, de forma a evitar futuros reparos que frequentemente destroem o asfalto.

“Você anda pela cidade e tem remendo. Nessa rede antiga tem aquela coisa que a Prefeitura recapeia a rua, passam dez dias, um ou três meses e o Saae estraga o pavimento. Então nos dois casos vamos fazer (a rede) pelo passeio”, conta.

Outra solução, de médio prazo, é a perfuração de dois novos poços no município. Um deles é fruto de contrapartida da iniciativa privada por um empreendimento na região do campus 2 da USP. Por lá, empresários entregarão um poço pronto para funcionar e que deve reforçar a rede frente a demanda crescente e futura do novo bairro. Em outro ponto, perfuração mais estratégica, é na região do Parque Industrial. O local já conta com reservatório de 2 milhões de litros e vai ganhar a captação profunda para que futuramente uma adutora ligue o sistema ao Santa Felícia.

“Esse seria com dinheiro de financiamento, mas se não conseguirmos vamos realizar com recursos do próximo exercício”, planeja.

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Bruno Moraes
Bruno Moraeshttps://www.acidadeon.com/saocarlos/
Bruno Moraes é repórter do acidade on desde 2020, onde faz a cobertura política e econômica. É autor do livro “Jornalismo em Tempos de Ditadura”, pela Paco Editorial.
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