O Conselho Municipal da Comunidade Negra repudiou, nesta terça-feira (23), o caso de racismo que ocorreu em uma escola de São Carlos, e tantos outros que estão sendo denunciados. Para o presidente José Cláudio Salvador, não é uma luta recente: “Não vem só de nós, do presente, mas de muitas pessoas do passado, da nossa ancestralidade”, comentou.
O caso registrado na segunda-feira (21), na Polícia Civil, acende o alerta sobre a importância de políticas públicas para a população negra na cidade.
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Salvador ressalta que esse não foi o primeiro caso em escolas e também não será o último. Segundo o presidente, em várias situações o Conselho foi acionado para auxiliar, visitar estabelecimentos e realizar a formação de profissionais dos setores privado e público.
“Também tivemos outro em que a gente foi na escola, conversar com equipe técnica e com os pais. Não vamos no sentido de fazer cobranças, mas de propor algumas questões, uma formação para os professores, para os alunos, falar sobre o aspecto jurídico, educacional, social, histórico, da população negra no Brasil”, defendeu.
ATO DE RESISTÊNCIA
O presidente explica que as ações do Conselho são pautadas em várias vertentes, e que uma das lutas é o diálogo com os poderes Executivo e Legislativo acerca de políticas públicas voltadas à população negra.
“Nós temos essa proposta de criar um plano municipal de igualdade racial e de ter uma diretoria com sede própria para que a gente possa efetivar ações de forma mais precisa, porque se não existe um compromisso de um plano, fica difícil articularmos um plano”, explicou.
Essa luta, segundo ele, mantém viva a esperança de mudanças. “Talvez a população não tenha essa consciência do quanto representam essas ações de políticas públicas para a comunidade negra, mas a gente tenta fazer uma formação, trazer informações para os mais jovens, dar visibilidade onde a gente sempre teve invisibilidade”, relatou.
“Desde que o primeiro preto e a primeira preta pisaram em terras são-carlenses, eles já vêm carregados de resistência e de luta, e sempre foram subjugados, marginalizados, são reparações que tem que ser feitas. A gente não pode achar que é um acaso, existe sempre um movimento contrário à ascensão da pessoa negra, é um movimento bem estruturado e faz parte de um instrumento do racismo estrutural, então a gente tem que fazer valer as legislações”, completou.
PARCERIAS E AUXÍLIO
Lutas importantes como essa também são feitas com parcerias valiosas, como a do Conselho com a OAB, que oferece orientação e respaldo jurídico para casos de racismo e injúria racial, crimes previstos no Código Penal.
Pessoas da cidade que estiverem se sentindo injuriadas ou tenham sofrido racismo podem buscar apoio no Centro Afro, que fica na Rua Dona Alexandrina, 844, esquina com a Rua 13 de maio.
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