A Polícia Civil de São Carlos pediu a prisão preventiva de dois homens suspeitos de terem assassinado o motorista Marcos Roberto Campanhone, de 50 anos. O crime ocorreu no dia 4 de dezembro de 2020, no Jardim Paulista.
De acordo com o delegado da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Gilberto de Aquino, César Estelino de Souza e Marcos Roberto Sassati, o Marcão, foram identificados como os autores do crime. “Após um trabalho minucioso das investigações, nós não temos dúvida de que o Marcão foi o pivô de toda essa situação que resultou na morte de um inocente”.
Investigação
Segundo apurado durante inquérito policial, Marcos Sassati é amigo de César Estelino e furtou o celular da mãe dele.
Ao notar o desaparecimento do aparelho, a mulher, que é catadora de material reciclável, desconfiou de outros dois catadores, Márcio, conhecido como “Baixinho, e Pedro, o “Neguinho”, que foram até a casa dela buscar alguns materiais.
A idosa registrou esse furto na Polícia Civil e contou para os filhos, alguns familiares e para o Marcão sobre o sumiço do celular e sua desconfiança sobre os catadores.
Em seguida, Marcão, César e outros familiares da idosa passaram a ameaçá-los, exigindo a devolução do celular.
Ambos negaram o furto do aparelho, mas isso não convenceu o filho da idosa, que estava sendo instigado por Marcão de que os catadores eram os responsáveis.
Por conta disso, ainda segundo a Polícia Civil, César e Marcão foram até a casa de Márcio, o Baixinho, onde ameaçaram ele e toda sua família.
Na ocasião, Marcão teria esmurrado a janela de um dos quartos e jogado o celular furtado da mãe de César em uma cama.
Em seguida, ele e César foram embora.
Assustados, Baixinho e seus familiares chamaram a Polícia Militar e registraram o ocorrido.
Algum tempo depois dessa visita dos familiares da idosa buscando o celular, a enteada do Baixinho encontrou o celular em cima da cama, ao lado da janela do quarto que havia sido esmurrada pelo Marcão.
Ao ver o aparelho, ele percebeu que poderia ser da mãe de César, já que não era de ninguém que estava na casa.
Por conta disso, decidiu pedir ajuda para o irmão Marcos Campanhone, que foi até a casa.
Ao ser informado sobre o que estava acontecendo, Marcos decidiu levar o celular para a delegacia.
Como a família da idosa estava ligando, ele atendeu, sem se identificar, e disse que estava indo levar o celular na delegacia.
No local, ele fez a entrega do aparelho para os policiais.
Os familiares da idosa também foram até a delegacia, onde viram Marcos entregando o celular, mas não conseguiram recuperar o aparelho nesse dia por não apresentarem os documentos comprobatórios sobre a propriedade do objeto.
No dia seguinte, a idosa foi até o banco sacar uma parcela do auxílio emergencial e constatou que já haviam sacado R$ 2,4 mil do benefício.
Segundo o delegado Gilberto de Aquino, esse valor foi subtraído por Marcos Sassati, o Marcão, através do aplicativo Caixa Tem instalado no aparelho celular dela . “Nós verificamos que quem fez o saque na conta não seria nem o Márcio e nem o Marcos, os dois irmãos. Quem fez foi Marcão Sassatti, que é o amigo do filho da vítima. Foi ele que subtraiu o celular, pegou o código da Caixa Tem e passou para o telefone dele. Ele foi no banco, fez os saques do dinheiro e depois culpou o outro”, explicou o delegado.
Sem nem imaginar que o amigo do filho era o real responsável pelo furto do celular e os saques, a idosa acreditou que o Marcos Campanhone havia sacado o auxílio emergencial dela.
Ao ser informado sobre os saques, o filho dela César, Marcão e outros familiares foram atrás de Marcos.
Ele foi confrontado sobre o furto e, ao negar, passou a ser agredido com pauladas e golpes de facão. “Eles foram e acabaram agredindo, espancando, dando mais de 18 golpes de facão na vítima”, afirmou Aquino.
Durante as agressões, o celular do Marcos caiu no chão e César furtou o aparelho.
Na sequência, os agressores deixaram o local.
Marcos chegou a ser socorrido e foi internado na Santa Casa, mas morreu no dia seguinte por conta da gravidade das lesões.
Ainda segundo o delegado, César deu o celular que pegou de Marcos para o filho de 8 anos.
O pivô da morte
O delegado Gilberto de Aquino afirmou ter convicção que Marcão foi o principal responsável pelos acontecimentos. “Ele cometeu o crime mediante abuso de confiança. Subtraiu o dinheiro dessa senhora, que é uma idosa, mãe do amigo dele. E depois ele induziu a erro essas pessoas, dizendo que o autor do furto teria sido outro”.
Ainda segundo o delegado, ele fez o amigo César e os outros familiares da idosa pensarem que os catadores eram os responsáveis pelo furto do aparelho. “Quando sumiu o celular, para que não caísse sobre ele a culpa do furto, ele acabou induzindo os familiares dela que os autores seriam os dois rapazes que foram buscar os recicláveis na casa”.
Por conta disso, acabou provocando a morte de um inocente. “Eles agiram com extrema violência e mataram um inocente que nada tinha a ver com a situação. O Marcos foi apenas ajudar o irmão”, afirmou Aquino.