Em um momento em que as pesquisas são muito valorizadas no país, as universidades federais vivem um dos piores cenários financeiros da história. A UFSCar, única federal sediada no interior paulista, está recebendo apenas metade das verbas que vinham para a instituição em 2016.
Segundo o ex-reitor da UFSCar, Targino de Araújo Filho, a situação da Universidade é dramática quanto ao apoio financeiro. Ele é atualmente diretor-executivo da Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da UFSCar (FAI), órgão que está à frente da captação de recursos da instituição.
“Estamos tendo uma redução em relação aos recursos que nós recebemos só para assistência estudantil da ordem de R$ 2,5 milhões. E isso vai inviabilizar a assistência estudantil na universidade. Além disso, estamos com uma restrição orçamentária imensa, na verdade neste ano estamos recebendo metade do que nós recebíamos quando eu ainda fui reitor em 2016. Excluindo o Pnaic, estamos recebendo cerca R$ 32 milhões para manter a universidade, e por incrível que pareça, disso apenas R$ 40% foram liberados e nós estamos recebendo 1/18 para até que o orçamento seja aprovado, porque infelizmente o orçamento não foi aprovado”, explica.
Targino explica que esses cortes atingem também as bolsas voltadas à pesquisa de pós-graduação. A redução é da ordem de 30%.
“Infelizmente, o governo desde 2018 e isso vai se concretizar em 2023, vem cortando as bolsas de mestrado e doutorado. Há um corte já estabelecido da ordem de 30% das bolsas. E isso vai fazer com que a produção de conhecimento da universidade diminua significativamente, pois é por meio dos alunos de pós-graduação, mestrado e doutorado, que as pesquisas são conduzidas em parceria com seus docentes”, relata.
“A universidade aprovou no último dia 1º um programa de fomento a permanência estudantil. Esse programa vai procurar captar recursos externos, doações de empresas de pessoas físicas e também dos nossos ex-alunos, nossa própria comunidade, vamos buscar doações criando esse programa de fomento”, explica.