Uma estudante de 14 anos de São Carlos (SP) desenvolveu um aplicativo para denúncia de violência contra a mulher. O trabalho, que faz parte de um projeto da Universidade de São Paulo (USP), está na semifinal do Campeonato Mundial de Tecnologia.
Nas horas livres, Adrielly Inocêncio gosta de ficar com os pais e o irmão Arthur, de 7 anos, com quem tem uma ligação muito forte. A adolescente ensinou na alfabetização do pequeno, que é autista e foi impactado pela pandemia.
“Eu fui ajudando ele a ler, a gente foi aprendendo um pouquinho de cada vez as sílabas, os sons das letras, ele aprendeu a ler e agora ele lê bastante também, principalmente quando ele lê as coisas na televisão e no celular. Eu fui ajudando ele e deu certo, agora ele é alfabetizado e a gente está muito feliz por causa disso”, contou.
Em seu quarto, Adrielly deixa de ser professora, e como todos os jovens de hoje em dia, é fissurada em tecnologia. Com apenas 14 anos, ela teve uma ideia que pode mudar a vida de muitas mulheres: transformar a tecnologia numa aliada no combate à violência doméstica. Foi aí que nasceu o aplicativo Diana.
Ele funciona como se fosse um aplicativo de livros para o agressor não desconfiar. A mulher entra no aplicativo, seleciona uma das capas e escreve, por exemplo, que foi agredida. Nessa hora, a inteligência artificial direciona a vítima para o canal de ligação ou de mensagem, possibilitando o registro da denúncia de forma rápida e segura.
“Uma das meninas da minha equipe sugeriu que a gente fizesse um aplicativo de denúncia contra as mulheres, principalmente por causa da questão atual da pandemia, de estar todo mundo em casa e o número de violência doméstica, principalmente contra a mulher, aumentou bastante. A gente apoiou a ideia e desenvolveu o aplicativo baseado nisso”, explicou Adrielly.
O aplicativo foi desenvolvido com outras três garotas de apenas 11 anos e está na semifinal do Campeonato Mundial de Tecnologia disputado nos Estados Unidos. como explica a professora do icmc da usp de são carlos kalinka castelo branco
“O objetivo é trazer mais meninas para a área de ciências, principalmente as ciências exatas. Dentro do Technovation Summer School for Girls, esse ano tivemos 50 meninas participantes e dois grupos que se destacaram na semifinal, um evento internacional que avalia aplicativos desenvolvidos por essas meninas de 10 a 18 anos”, explicou Kalinka Castelo Branco, professora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP).
A escolha do tema encheu a Valéria Inocêncio, mãe da menina, de orgulho. “Foi importante para o momento que as mulheres estão passando na nossa região, no Brasil todo e no mundo. Foi muito importante e eu fiquei feliz pela escolha que elas fizeram”, disse.
A alegria de chegar a uma semifinal de um torneio mundial é visível nos olhos da Adriele. Com ou sem o título, ela quer seguir ajudando as pessoas utilizando o que mais gosta de fazer: brincar com a tecnologia.
“Se você sabe que tem pessoas que precisam de ajuda, você pode fazer alguma coisa para ajudar. Então ao invés de ficar jogando videogame, eu me dediquei a fazer o aplicativo. Mesmo se a gente não ganhar, sinto que fiz a minha parte. A gente já chegou bem longe, foram selecionados projetos do mundo inteiro e a gente foi um dos semifinalistas, então fiquei muito feliz”, contou.
Nesta edição, 23 equipes brasileiras se inscreveram. O resultado da competição será divulgado no dia 7 de julho.