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CotidianoEstudo relaciona falta de sono à alta da obesidade infantil na pandemia

Estudo relaciona falta de sono à alta da obesidade infantil na pandemia

Colégio e vida ao ar livre foram trocados por celular e ensino remoto; qualidade do sono dos adultos também foi afetada

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Estudo relaciona falta de sono à alta da obesidade infantilMarcello Casal Jr./Agência Brasil
Estudo relaciona falta de sono à alta da obesidade infantil. Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos (EUA), mostrou que 15,4% das crianças atendidas em 29 clínicas ligadas ao Hospital Infantil da Filadélfia, no período da pandemia de covid-19, estavam obesos. Em 2019, o percentual era de 13,7%.

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O aumento ocorreu em todas as faixas etárias, variando de 1% nos adolescentes de 13 a 17 anos a 2,6% nas crianças de 5 a 9 anos. Foi medido o índice de massa corporal (IMC) de 169.179 crianças e adolescentes atendidos de junho a dezembro de 2019 e comparado ao dos 145.081 pacientes consultados no mesmo período em 2020.

Outro estudo, coordenado pelo Pennington Biomedial Research Center, também nos EUA, mostrou que, a cada hora adicional de sono em crianças de 3 a 5 anos, houve redução de 0,48 do IMC. Além do consumo excessivo de alimentos calóricos e do sedentarismo, a duração do sono é um fator de risco para a obesidade infantil.

Com base nesses dados, o Instituto do Sono faz um alerta aos brasileiros, já que também no país o confinamento e a suspensão das aulas presenciais por causa da pandemia agravaram a obesidade infantil.

Segundo o médico Gustavo Moreira, pesquisador do Instituto do Sono, o aumento da obesidade entre crianças que dormem menos é o resultado de uma combinação de fatores.

“Teoricamente, se você está acordado, está gastando mais energia, mas, na realidade, o tempo a mais que as pessoas passam acordadas, elas estão em frente a uma tela grande ou pequena, em atividades de pouco gasto energético, em mídia social, videogame, streaming, estudando. As pessoas estão fazendo menos exercício e têm uma oferta calórica maior entre os alimentos”, disse Moreira.

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Outro fator é que, se o indivíduo está dormindo menos, no caso das crianças e adolescentes, o organismo entende que é pouco e que a pessoa está em uma situação de stress. “Temos dois hormônios que controlam nosso apetite: a lepitina, que é o hormônio da saciedade, e a grelina, que é o da fome. Quando durmo menos, produzo menos lepitina e mais grelina, ou seja, aumenta meu apetite, e a tendência é a de comer mais sem oportunidade de gasto”, explicou o médico.

Moreira lembrou que a pandemia contribuiu para o crescimento da obesidade porque alterou a rotina das crianças que, para ter uma vida saudável, precisam de uma alimentação balanceada, exercícios e gasto de energia. Porém, para evitar a contaminação pelo coronavírus, as crianças foram obrigadas a trocar as atividades ao ar livre por jogos no celular e as aulas no colégio pelo ensino remoto.

“Quando ficam muito tempo na frente das telas, as crianças comem várias vezes ao dia, principalmente bolachas, salgadinhos e doces. E a grande exposição às telas leva os pequenos a dormir mais tarde e acordar cedo”, afirmou o médico.

As recomendações dos especialistas para evitar a obesidade infantil incluem a manutenção de uma alimentação regular, com horários para todas as refeições da família; a preferência por alimentos naturais frente aos industrializados, como os enlatados e empacotados; e a observação da pirâmide alimentar, composta por oito grupos de alimentos essenciais para a saúde (carboidratos, verduras e legumes, frutas, leites e derivados, carnes e ovos, leguminosas e oleaginosas, óleos e gorduras e açúcares e doces).

É preciso ainda que os pais deem o exemplo, já que adultos que seguem uma dieta balanceada influenciam os filhos a se alimentar de forma saudável; estabelecendo uma rotina para a criança, com horários bem definidos para dormir, acordar, brincar e estudar; reduzir o tempo de tela e aumentar as atividades ao ar livre, levando os filhos para brincar em locais abertos. 

Má qualidade do sono pode causar acidentes
Má qualidade do sono pode causar acidentes. (Imagem ilustrativa)

Sono dos adultos
A crise sanitária também afetou a qualidade do sono dos adultos. Segundo uma pesquisa do Instituto do Sono, entre os 1.600 participantes do levantamento, 75% atribuíram a piora do sono ao aumento das preocupações; 64% à permanência por mais tempo em frente a telas de computador, televisão e celular; e 54% ao fato de ficarem em casa de forma mais prolongada.

Ao abordar a qualidade de sono, o estudo revela que 67% dos participantes tiveram mais dificuldade para dormir; 61,6% passaram a dormir mais tarde; e 59% acordaram mais vezes durante a noite.

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