Filas, aglomeração, trânsito e falta de fiscalização marcaram o primeiro dia do Enem em São Carlos (SP), neste domingo (17). Entre os estudantes, o maior temor não era a redação e tampouco as questões do vestibular, mas sim o preparo psicológico para conciliar os estudos e a pandemia de Covid-19. Desta vez, não houve ‘show dos atrasados’.
Um dos principais locais de prova, a sede do Centro Universitário Central Paulista (Unicep) logo ficou cheia de estudantes. Para controlar a movimentação e conseguirem entrar no local de prova, os estudantes se organizaram em filas. Grupos de amigos também se reuniram do lado de fora, causando aglomeração.
Outro ponto levantado pelo familiar de um dos estudantes foi a falta de fiscalização a respeito das medidas sanitárias definidas. Segundo a denunciante, muitos estudantes passaram do portão de entrada, retiraram as máscaras e continuaram aglomerados do lado de dentro da instituição. Além disso, acompanhantes entraram com os candidatos, o que também não é autorizado.
A reportagem tentou entrar no local para verificar a possível falta de fiscalização interna, mas não foi autorizada pela organização do local. O portal ACidade ON solicitou retorno do instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Neste ano, ninguém ficou de fora do exame por chegar atrasado no local. No entanto, alguns estudantes chegaram nos últimos minutos. (Veja o vídeo acima)
Provas
Por causa da pandemia, o Inep tornou obrigatório o uso de máscaras e higienização com álcool em gel. Diferente de outros vestibulares, está permitido o consumo de alimentos dentro da sala, com a retirada da máscara.
A prova tem início às 13h30 e terão cinco horas e 30 minutos de duração, com término às 19h. Hoje (17), os participantes fazem as provas objetivas de linguagens e ciências humanas, com 45 questões cada, e a prova de redação.
Em São Carlos (SP) são 8.374 estudantes que vão prestar o Enem. Na região, são mais de 18 mil candidatos ao vestibular mais concorrido do país.
Estudos x pandemia
Em vestibulares, as questões e o tema da redação são sempre os mais temidos, mas neste ano, a pandemia roubou a cena. Com a suspensão das aulas presenciais, os estudantes precisaram se adaptar para conseguir se preparar em casa.
Esse é o caso do jovem Nathan Andrade Rodrigues, que estudava em escola particular e se viu em uma rotina totalmente diferente de preparação. “Está difícil. Demos o nosso máximo, acredito que todo mundo fez o possível para estudar dentro do que estava disponível. Eu fiz minha parte e estudei. Foi bem desanimador, para falar a verdade, bem na reta final dei uma engajada e melhorei, agora depende de cada um”, disse.
Outro cenário que ganhou destaque este ano foi a saúde mental dos candidatos, que precisaram conciliar os estudos em casa e as dificuldades trazidas pela pandemia de Covid-19, principalmente as psicológicas.
Essa foi a situação vivida pela estudante Ariane Paiva, de 21 anos. Ela já cursa enfermagem na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e busca uma vaga no curso de medicina. Porém, o ano pandêmico atrapalhou seus planos.
“Esse ano foi mais difícil. Eu digo que é o sexto ano que estou fazendo o vestibular, e de todos, foi o que eu mais tive tempo para estudar porque nos outros eu estava na faculdade, e esse ano foi mais tranquilo, mas psicologicamente foi bem mais difícil e não sei se estou preparada ou não, vim mais por desencargo de consciência para fazer porque já vi que o número de concorrentes vai ser menor esse ano”, comentou.
Os familiares também viveram cada aflição de seus filhos. A Maria Fernanda Dutra veio de Ribeirão Preto (SP) para acompanhar a filha Brenda e relatou que compartilhou o nervosismo e a dificuldade da filha, mas que torce para que tudo dê certo.
“É complicado porque é mais difícil estudar em casa, sem a rotina da escola que estão acostumados desde pequeno, mas ela leva muito a sério os estudos e num certo ponto foi mais tranquilo. Ela está nervosa e eu também, juntou a pressão do Enem com a Covid e está todo mundo inseguro. Estamos fazendo conforme o que foi pedido”, disse.