Geólogos da Unesp de Rio Claro identificaram vestígios de pegadas que podem ser a evidência mais antiga de dinossauros em São Paulo. As marcas remetem a um período de mais de 140 milhões de anos atrás e são os primeiros sinais da presença de animais dessa época no estado.
Os indícios da vida dos animais são raríssimos no Brasil e só tinham sido encontradas, até agora, no Paraná e no Rio Grande do Sul. A maior parte pertence ao período triássico de 251 a 200 milhões de anos atrás que foi quando eles surgiram, ou ao cretáceo 145 a 65 milhões de anos.
As primeiras observações na região de Charqueada começaram há dez anos, em uma exploração que o professor Lucas Warren, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da universidade, fazia com alunos entre Rio Claro e Piracicaba.
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Em uma área conhecida como formação Piramboia, Warren observou uma espécie de buraco em algumas camadas expostas na rocha que despertaram a sua curiosidade. Ao longo dos anos ele continuou a percorrer a região e conseguiu encontrar outros locais com esses “achatamentos”.
A confirmação de que as 50 marcas encontradas eram vestígios de dinossauros foi dada pelo paleontólogo da Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Bernardo Peixoto.
Entendendo os registros
Para determinar com precisão a época das pegadas, os geólogos consideraram a maneira como elas foram formadas e o tipo de material de que a região é composta. “Essa rocha é formada por quartzo e por zincão, que é um mineral que você consegue dar idade e, com isso, consegue atribuir a idade com mais precisão para a rocha como um todo”, explicou Warren.
Também há sinais na rocha que foram provocados por um evento sísmico que, segundo o geólogo, pode ser de origem tectônica ou de pisoteio de manadas. “Como a gente tem as pegadas associadas é plausível que essa estrutura tenha sido causada pela passagem desses animais”.
Após a confirmação, os pesquisadores começaram a formar a fotografia da região naquela época. Hoje, segundo os envolvidos, é possível levantar hipóteses sobre os jurássicos que habitavam a região.
As dimensões das pegadas registradas na rocha, algumas chegam a ter meio metro de profundidade, apontam que se tratava de animais de grande porte, de quatro a seis metros de comprimento e pesando toneladas. Também há indicações de indivíduos adultos e outros menores, talvez filhotes, andando lado a lado.
Mais pesquisas
As descobertas são uma abertura de portas para uma série de pesquisas que serão realizadas. “É uma questão de tempo até encontrarmos pegadas em plantas que permitam identificar o grupo de dinossauros que as produziram e há até o potencial de encontrar, ou seja, restos fossilizados de ossos destes grandes animais”, afirma o paleontólogo da UFSCar, Bernardo Peixoto.
*Com informações do Jornal da Unesp e g1 São Carlos.
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