SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Canais oficiais do Ministério da Saúde voltados a esclarecer a população sobre a melhor maneira de prevenir a Covid-19 exibem informações desatualizadas e erradas sobre a doença.
Uma delas se dá no aplicativo Coronavírus SUS, plataforma oficial do Ministério da Saúde cuja principal função é rastrear e alertar possíveis exposições ao vírus.
Na seção “dicas oficiais”, o app diz que se deve usar máscara “se estiver tossindo ou espirrando para evitar transmitir vírus para outras pessoas. Para pessoas saudáveis, use máscara somente se você estiver cuidando de uma pessoa com suspeita de infecção por coronavírus”, diz o texto.
E conclui: “As máscaras são eficazes somente quando usadas em combinação com a limpeza frequente das mãos”.
Essa, de fato, era a recomendação no começo da pandemia, mas estudos mudaram a orientação.
No início da pandemia, havia uma preocupação de que faltasse máscaras para profissionais de saúde, que se expõem à doença, e a orientação era não comprar esses itens em farmácias.
Depois, à medida que se descobriu que pessoas assintomáticas poderiam transmitir o vírus por gotículas de saliva, a diretriz mudou.
Desde abril do ano passado o Ministério da Saúde orienta o uso de máscaras, mesmo as de tecido, com fabricação caseira, recomendação que passou a ser feita pela Organização Mundial de Saúde em junho do mesmo ano.
Descobertas subsequentes ainda reforçaram a importância do acessório. A máscara não apenas impede pessoas contaminadas de espalharem o vírus, como dificulta que pessoas saudáveis se contaminem.
Além disso, estudos apontaram que a doença pode ser mais branda se um contaminado se expuser a uma carga viral menor -por exemplo, de máscara.
Embora a recomendação sobre o uso de máscaras esteja desatualizada no aplicativo oficial de combate à pandemia no Brasil, o site do Ministério da Saúde atualizou a recomendação e até disponibilizou um guia de como fabricar máscaras caseiras.
“Recomenda-se a utilização de máscaras em todos os ambientes. As máscaras de tecido (caseiras/artesanais) não são Equipamentos de Proteção Individual (EPI), mas podem funcionar como uma barreira física, em especial contra a saída de gotículas potencialmente contaminadas”, diz o ministério.
“Estimule familiares, amigos e colegas de trabalho sobre a importância do uso de máscara e da higienização das mãos na prevenção da disseminação do vírus causador da doença Covid-19.”
Outra informação errada consta na página de perguntas frequentes do site oficial do Ministério da Saúde sobre como lidar com a doença.
À pergunta “O Covid-19 é transmitido pelo ar?”, a pasta responde: “Não, a transmissão acontece de uma pessoa doente para outra ou por contato próximo, por meio de: aperto de mãos (principal forma de contágio); gotículas de saliva do nariz e/ou da boca; espirro; tosse; catarro; objetos ou superfícies contaminadas, como celulares, mesas, maçanetas, brinquedos, teclados de computador etc.”
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do governo dos Estados Unidos, instituto de referência sobre como lidar com a doença, a Covid-19 pode, sim, ser transmitida pelo ar. Partículas de saliva podem permanecer em suspensão se uma pessoa contaminada estiver falando, se espirrar ou tossir, e inclusive podem ser carregadas pelo vento.
A reportagem alertou na terça-feira (5) o Ministério da Saúde das informações desatualizadas e incorretas disponibilizadas à população, mas não teve resposta. Até a publicação deste texto, essas informações continuavam disponíveis nos canais oficiais.