Pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física da USP e de uma empresa privada desenvolveram um estudo que relaciona a fibromialgia às alterações na pressão intracraniana.
Artigo publicado no “Journal of Novel Physiotherapies” traz relato de caso em que uma paciente fibromiálgica sob tratamento da IFSC teve sua pressão intracraniana avaliada por equipamento da Brain4Care.
O estudo, apontado como pioneiro pelos pesquisadores, avaliou as correlações entre as dores da paciente e as variações de volume e pressão dentro do crânio, que indica a capacidade do organismo acomodar variações de volume intracraniano sem que ocorram alterações significativas da pressão. Segundo os pesquisadores, a complacência craniana é um indicador de saúde neurológica e o seu comprometimento pode levar à disfunção cerebral.
O trabalho dos pesquisadores é o primeiro do mundo a indicar a relação entre as dores da fibromialgia e as variações da complacência intracraniana.
O estudo objetiva avaliar o que acontece no cérebro da paciente por meio de ondas cerebrais durante as sessões do tratamento fotossônico do Instituto de Física. Durante dez sessões, os cientistas mapearam as escalas de dor e alterações na pressão intracraniana.
Ao longo da investigação científica, os pesquisadores notaram que no início do tratamento a pressão estava elevada, condição que foi mudando ao longo das para os padrões normais com as aplicações de laser e ultrassom, segundo o professor Antonio de Aquino Júnior, pesquisador do IFSC coautor do estudo.
“Além da melhora em 70% dos índices de dor provocada pela fibromialgia, e em 60% no restabelecimento da qualidade de vida da paciente – resultados que já eram esperados -, este novo estudo demonstrou que o tratamento provoca uma redução da complacência cerebral. Dessa forma, estados de insônia, dores de cabeça e alterações no sistema gástrico e intestinal, entre outras anomalias, desapareceram ao longo das sessões”, esclarece.
Este novo estudo traz aos pesquisadores uma nova compreensão de como a doença se manifesta mais profundamente. Antes, as informações disponíveis só indicavam o quadro inflamatório dos pacientes e os níveis de dor. Com a observação de um aumento da pressão intracraniana nesta paciente fibromiálgica antes do início dos tratamentos, fica justificada a alteração no centro de dor que se localiza no córtex pré-frontal do cérebro, que é responsável por todos os desequilíbrios inerentes à doença. A empresa Brain4Care colaborou com esta pesquisa cedendo seu equipamento e toda a compreensão de como utilizá-lo, bem como no entendimento dos dados adquiridos, pelo que esta pesquisa está abrindo portas para outras mais avançadas, tendo igualmente como público-alvo os pacientes portadores de fibromialgia.
Para Camila Tomaz, fisioterapeuta da equipe de pesquisas da empresa e também autora do artigo científico “foi observada uma significativa melhora na qualidade de vida da paciente”.
“Ela conseguiu retomar atividades que antes era incapaz de realizar, por conta da dor. Com esse relato de caso, tive a oportunidade de acompanhar o tratamento e a satisfação de vivenciar uma história de saúde e felicidade ao vê-la se afastando da dor e reconquistando sua qualidade de vida”, comentou.
O próprio equipamento da Brain4Care foi fruto de desenvolvimento do professor e pesquisador do IFSC Sérgio Mascarenhas. A máquina é constituída por um sensor externo capaz de monitorar de maneira não invasiva a pressão intracraniana, um trabalho que deu origem à criação da citada empresa pelo próprio pesquisador.