Em decorrência do retorno das aulas presenciais na rede estadual de ensino, o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) inicia também nesta segunda-feira (8) a primeira greve sanitária de sua história. Ainda não há um percentual de adesão na região.
Segundo Ronaldo Mota, conselheiro da Apeoesp na região de São Carlos (SP) e um dos coordenadores do movimento, a partir desta segunda-feira, o sindicato tenta convencer o maior número de profissionais sobre o risco do retorno presencial.
“É um trabalho que nós vamos ter que fazer, e inclusive de convencimento a própria população para que não enviem seus filhos para a escola, porque nós consideramos que a questão do protocolo não resolve o risco de tanto alunos quanto professores serem contaminados e serem retransmissores”, disse.
Nesta semana, o município deve seguir as determinações da fase vermelha, a qual foi rebaixado na última sexta-feira (5) devido a piora nos indicadores da pandemia. Para Mota, o retorno nesta situação é ainda mais perigoso.
“Estamos aqui em uma região em situação mais grave ainda. O sistema de saúde está pressionado e a ida à escola vai ajudar em quê? Nós sabemos que é um prejuízo para o aluno, mas esse prejuízo não vai ser minimizado com essa forma. É uma improvisação desnecessária que vai simplesmente colocar todos em risco”, explicou o professor e conselheiro.
O conselheiro da Apeoesp reconhece que uma dificuldade da greve se dá pelos profissionais temporários, que foram recém-contratados e que só vão receber se trabalharem no sistema presencial.
“Esse é uma situação que divide a categoria, inclusive, uma vez que o Governo pode usar mãos de temporários que só vão receber no ensino presencial. [O Governo] vai pressionar esses professores a irem contra o coletivo porque eles querem receber salário, querem trabalhar, e só trabalham se o ensino for presencial. Por outro lado, é importante já esclarecer para os professores temporários que o próprio STF garante que todo servidor público, independente da forma de contratação, tem direito a fazer greve sem nenhum tipo de punição, inclusive com direito a reposição destes dias”, explicou o conselheiro.
Retorno seguro
O Governo do Estado manteve as escolas como serviços essenciais e, ao contrário do que é defendido pela Apeoesp, garante que o retorno vai se dar de forma segura.
De acordo com a dirigente de ensino da região de São Carlos, Débora Blanco, as turmas vão funcionar com apenas 35% da capacidade das escolas, garantindo a segurança de todos.
“Nós vamos trabalhar com 100% dos alunos matriculados, tirando os alunos do grupo de risco, e vamos organizar de uma maneira que a turma funcione até 35% da escola, para que a gente atenda aquela exigência, Nós vamos trabalhar em formato de revezamento. Cada escola tem seu critério, dependendo do tamanho da escola, ela pode conseguir se organizar”, disse.
Na cidade, as escolas possuem autonomia para decidirem sobre como será o retorno em relação aos alunos. Todas devem seguir os protocolos sanitários definidos pelo Governo do Estado.