Duas obras remanescentes da Rumo em São Carlos deverão ficar para 2023. Após a entrega da duplicação da passagem sob a linha férrea, a concessionária deverá trabalhar nos projetos de ampliação do viaduto 4 de Novembro, na região da antiga Ferroviária, e da construção de novo viaduto sobre a avenida Morumbi. O executivo esteve em São Carlos para a inauguração da duplicação da passagem inferior da Praça Itália.
Segundo o vice-presidente de Projetos e Expansão da Rumo, Guilherme Penin, as obras fazem parte do pacote de renovação da concessão e devem ser entregues ao município a médio prazo. A ampliação do viaduto 4 de Novembro deve ser a primeira na linha de prioridades por facilidades como desapropriação e dimensão da intervenção.
“Provavelmente, o 4 de Novembro, da General Osório, vai começar um pouco antes do que o projeto da Avenida Morumbi, pelo menos no nosso planejamento, por ser uma obra de ampliação de um viaduto já existente que tende a ser mais simples do que um viaduto novo”, explicou.
A obra que deverá reforçar a ligação entre Centro e Vila Prado deverá custar entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões, na estimativa da companhia. Já o viaduto do prolongamento da Avenida Dr. Heitor José Reali na região da Avenida Morumbi tem orçamento mais salgado, na casa dos R$ 30 milhões.
“Todo mundo tem visto a escalada de preços, que tem sido acelerada, sobretudo na construção civil. Houve problemas nas cadeias do aço e de outros insumos importantes para essas obras. Temos sempre refeito orçamentos recentemente e são esses números que temos trabalhado”, relatou.
Além das intervenções para mitigar os impactos da atividade ferroviária na cidade, a Rumo tem investido no aumento da capacidade da malha, sobretudo em ações que facilitam o escoamento da produção agrícola do Centro Oeste do país, por meio da interligação da Malha Paulista com a Ferrovia Norte Sul. Novos terminais em São Simão e Rio Verde, em Goiás, são importantes pontos de captação de commodities como soja e milho.
O aumento da capacidade da Malha Paulista veio através da ampliação de pátios de espera e terminais para receber trens de até 120 vagões. Com presença insipiente há algum tempo, atualmente 80% das composições são de tamanho maior, em contraponto às de 80 vagões. Conforme Penin, os 30 pontos já convertidos possibilitam a operação até o Porto de Santos sem gargalos.
De acordo com o vice-presidente da companhia, a Malha Paulista tem sido bem aproveitada tanto no sentido interior-litoral, pensando em escoamento de grãos e commodities, como no sentido inverso, de Santos, Paulínia e indústrias paulistas para o Centro Oeste. São enviados combustíveis, eletrodomésticos, materiais de construção e pisos. No trajeto “de volta”, graneleiros que levaram grãos para o porto carregam fertilizantes para as lavouras do Brasil Central.
Em São Carlos, a ampliação do pátio de espera fica visível para quem mora na região do CDHU. O pátio de espera, ponto de espera para a “desocupação” da linha singela (que permite a passagem de um trem por vez), aumentou agora ocupa área que antes era a passagem em nível na rua da Paz.
Outra melhoria feita pela empresa é a vedação da linha férrea, cujos pontos de interferência do tráfego de pedestres e veículos locais serão reduzidos ao máximo. Além do fechamento futuro da General Osório após a conclusão da ampliação do viaduto da antiga Ferroviária, a passagem do CDHU será extinta com a inauguração do viaduto da Avenida Morumbi. Outras passagens serão fechadas e substituídas por passarelas.
Os investimentos de fechamento de passagens são sentidos por ouvidos mais atentos e sensíveis de moradores que vivem às margens da linha férrea. O buzinaço durante a passagem das composições está menor, mas ainda existe. O tema rendeu à Rumo diversas multas, processo judicial e, mais recentemente, uma nova dor de cabeça via ministérios públicos Federal e Estadual.
Penin justifica o uso da buzina como uma segurança para os próprios moradores, principalmente os que atravessam a linha de ferro com desatenção. Uma locomotiva de 120 vagões pode demorar até 1 km para conseguir parar por completo.
“Não temos a opção de não tocar a buzina. Há um protocolo da empresa e temos alguma margem para trabalhar, mas ela é uma necessidade de segurança”, avalia.
As melhorias podem justificar o uso menos frequente da buzina no trecho urbano, concluiu o executivo.