O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de São Carlos (Saae) estuda novas formas de resolver as ocorrências de água suja na cidade. Há algumas semanas consumidores de diversos bairros da cidade reclamaram do problema e a autarquia buscou medidas paliativas para reduzir o número de ocorrências. Mas a ordem no órgão é resolver o problema de vez.
Segundo o presidente do Saae, Benedito Carlos Marquezin, o problema da água suja que saía das torneiras são-carlenses é em função do antigo encanamento de ferro, predominante nos bairros mais velhos da cidade. Há algumas semanas, a Prefeitura alegou que o aumento da dosagem de cloro na água contribuía para o desprendimento de incrustação no interior do encanamento.
“A incrustação ocorre em encanamento de ferro fundido ou galvanizado. Quando aumenta a velocidade da água, ocorre o desprendimento dessa incrustação, que vai caminhando pela rede”, comenta.
A crosta tem cor marrom-avermelhada, coloração típica de oxidação de ferro. De acordo com Marquezin, o problema é mais comum em área chamada por ele de “centro expandido”.
“Se São Carlos tem 160 anos, essa rede tem uns 80”. “Se cria uma incrustação dentro da tubulação que diminui a vazão de água por causa disso. Vamos falar, de uma rede de duas polegadas, tem um volume de uma ou 1,5 polegada, ou seja, está muito destruído”, comenta.
Questionado sobre a possibilidade de renovação da rede de distribuição, o chefe do Saae afirma que é um custo muito grande que a autarquia não pode arcar. São 150 km de malha a ser trocada para acabar com o problema da água suja no centro expandido. O encanamento velho ainda causa outro problema: os vazamentos. São Carlos desperdiça 43,5% da água tratada, principalmente por fuga da rede.
“Em um levantamento que fizemos sairia em torno de R$ 100 milhões para fazer a troca pelo método não destrutivo, que não traz transtornos no trânsito de veículo. Para que você tenha ideia, nosso orçamento de fonte própria, é de R$ 120 milhões no ano”, explica.
A alternativa buscada pelo presidente do Saae é o uso de ortopolifosfato, um composto químico de uso comum em sistemas de distribuição de água em todo o país na remoção de incrustações. A ideia é adicionar o produto na água em determinados horários e realizar descargas por meio de hidrantes ou registros para vazão controlada. Desta forma, o Saae espera remover parte das incrustações sem afetar a coloração da água nas torneiras.
A questão esbarra em uma dificuldade operacional que já está sendo estudada pela equipe técnica do Saae. A disponibilidade de hidrantes é menor em vários pontos do centro expandido e a autarquia terá que instalar registros de descarga para realizar a “faxina” dos encanamentos.
“Estamos fazendo o termo de referência, analisando a norma sobre critérios de uso, dosagem e vamos aplicar na Estação de Tratamento de Água da Carlos Botelho, pois todas as águas superficiais são tratadas lá. E, eventualmente, em locais que há poços, como os bairros mais periféricos onde a rede é antiga”, explica.
Concomitantemente, o Saae vai realizando a substituição de rede de água nos pontos mais críticos, onde há maior volumes de vazamento de água devido ao velho encanamento. As obras são custeadas pelo caixa da autarquia e até por projetos apresentados ao Fundo Estadual de Bacias Hidrográficas.