São Carlos deixou de produzir 5,63 milhões de litros de água em 2022 por causa de furtos de fiação e danos ao sistema elétrico do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae).
A perda deste ano supera em 75% o total do ano passado, quando as invasões resultaram em 3,23 milhões de litros deixados de ser produzidos. Em número de horas, as bombas deixaram de operar em 20 horas e 30 minutos em 2021 e 58 horas e 30 minutos em 2022.
Os números constam de levantamento feito pela autarquia a pedido do acidade on São Carlos e quantificam o prejuízo causado por ações criminosas no interior de centros de produção do Saae. Cada litro deixado de ser captado é menos água na torneira de residências, estabelecimentos comerciais e industriais.
Neste ano, os casos de furtos ao Saae dispararam na esteira de outras invasões com o objetivo de subtrair o cobre na cidade. O metal, junto ao bronze, se encontra valorizado no mercado e motivam furtos da fiação da telefonia móvel, rede de energia pública e em residências, relógios de força e até hidrômetros.
Só em 2022 o Saae somou oito furtos de fiação em centros de produção e reservação de água e outros dois em estações elevatórias de esgoto. Um almoxarifado externo também foi alvo de ladrões. No ano passado todo foram três casos em centros de produção e outros três em estações elevatórias.
Para o presidente do Saae, Benedito Carlos Marchesin, os furtos e prejuízos a autarquia e clientes representam um efeito colateral de um problema social: o uso de drogas e tráfico. Os crimes alimentam um sistema em que perdem o usuário de entorpecentes, o Saae e clientes e ganham o traficante e o receptador de fiação furtada.
“O que ele pega [em dinheiro] é muito pequeno em valor. Quem ganha é comerciante que aproveita a situação desse menino drogado”, afirma.
Os prejuízos financeiros ao Saae têm sido crescentes. Em 2021, a autarquia gastou R$ 18,9 mil em recursos próprios para adquirir novas fiações para repor as furtadas. Neste ano a soma já é de R$ 25 mil. Se levar em consideração a água e o esgoto que deixaram de ser faturados, usando para cálculo a faixa tarifária de até 10 m³ em que se encontram 40% dos clientes o prejuízo adicional seria de R$ 21,6 mil.
“Isso gera um transtorno terrível para o Saae, principalmente pela falta de água no bairro onde a fiação foi furtada. Isso deixa a população no prejuízo”, comenta.
Para tentar diminuir o número de invasões, a autarquia deve desembolsar, nos próximos 12 meses, R$ 701,8 mil em serviço de segurança fixo por 12 horas noturnas em cinco centros de conservação. O contrato com a empresa terceirizada deve passar para R$ 3,75 milhões.
Conforme o presidente da autarquia, a escolha dos centros que receberão vigilância reforçada atendeu a dois critérios: importância para a rede de abastecimento e pontos mais distantes.
Foram escolhidos para receber as guaritas os poços ou reservatórios do Maria Stella Fagá, Nova Estância, Água Vermelha, Ipanema e Cidade Aracy.
“O trabalho para o Saae coibir os furtos é com vigilância. Não adianta também por um alarme, que a pessoa entra, toca e até a empresa contratada chegar lá ou furtaram ou danificaram alguma coisa”, comenta.
Na semana passada, operação da Guarda Civil Municipal vistoriou cinco ferros-velhos para coibir e alertar a prática de receptação de fiação furtada. Não houve apreensão de mercadoria.