Define-se como ciclo virtuoso aqueles acontecimentos positivos que geram outros igualmente positivos. Se pensarmos em algo que representa bem isso, a ONG Nave Sal da Terra serviria como uma luva.
Presente desde a inauguração do Jardim Zavaglia, a organização não governamental foi, em muitos momentos, a mão e o ombro amigo para os moradores que se mudaram para a localidade no início dos anos 2010.
No começo, o bairro era apenas um conjunto de unidades do Minha Casa Minha Vida, sem infraestrutura alguma além de asfalto, saneamento e energia. Naquele contexto, o único ponto de apoio para quem vivia ali era a ONG.
Com o passar dos anos, chegaram a unidade de saúde, a creche, as escolas, e a Nave Sal da Terra permaneceu ali, como uma nave-mãe, prestando apoio de “mãe para mãe”, acolhendo filhos e oferecendo atividades no contraturno das aulas escolares, tirando crianças e adolescentes das ruas.

Isabela Amaral é testemunha do surgimento e crescimento da Nave, inclusive mostrando o benefício intergeracional. Com 23 anos, ela mesma não participou do projeto social quando criança, mas suas duas irmãs, sim. Hoje, leva sua filha Valentina, de sete anos, para as atividades durante a manhã.
“Aqui é perfeito. São várias atividades: tem balé, passeios, aprendem muitas coisas, tanto em matéria escolar quanto em outras áreas. E, como mãe, nos ajuda muito, pois sabemos que as crianças estão em um lugar seguro”, relata a dona de casa.
Patrícia Camila tem cinco filhos, e praticamente todos passaram pela Nave Sal da Terra. Brian, de cinco anos, vai de manhã para a creche e passa as tardes nas atividades da ONG.
“Meus filhos mais velhos, de 16 e 15 anos, já passaram pela Nave. Eles adoraram e, se pudessem, voltariam”, comenta.

Desde bebezinhos
Não são raros os casos de crianças e pré-adolescentes que estão na Nave Sal da Terra desde pequenos.
Se houvesse um título de “decano” – para o com mais tempo de casa –, Pedro Santana o receberia, certamente. O menino de 11 anos, que gosta de ser goleiro no futebol, está lá praticamente desde sempre.
“Venho aqui desde bebezinho”, diz, repetindo a lembrança que todos têm dele, mas que, muito provavelmente, ele próprio não recorda. “Está aqui desde que engatinhava”, complementa a fundadora da ONG, Lúcia Nordi.
Adrieli Pereira Martins, de oito anos, também frequenta a ONG desde pequena. “Minha rotina é brincar, estudar. Eu gosto muito de dançar”, revela.




Porto seguro do Zavaglia
De acordo com Lúcia Nordi, fundadora da Nave Sal da Terra, a ONG é um local onde crianças e adolescentes podem exercitar e desenvolver suas potencialidades. Já os pais podem seguir batalhando na vida, sabendo que seus filhos estão em um ambiente seguro.
Frequentemente, a Nave recebe famílias que estão em situação de vulnerabilidade. Situações de vida, como separações, desempregos e outros eventos que podem abalar o núcleo familiar, chefiado, em sua maioria, por mães e avós.
Com o apoio da ONG, sabendo que as crianças estão seguras, elas podem voltar a se reerguer e guiar o barco para águas mais seguras novamente.
“Aqui, não nos deparamos apenas com a pobreza. É algo mais complexo, como a violência e o desarranjo familiar. Vimos a situação piorar muito desde a pandemia”, avalia.
Nas contas de Lúcia, entre 180 e 200 famílias são impactadas positivamente pelas ações da ONG, com cerca de 400 crianças atendidas diariamente. Contando com o Centro do Idoso, operado pela Nave, o ciclo virtuoso se estende ainda mais.
A ONG sobrevive de doações e geração de renda própria. Empresários e pessoas de boa vontade contribuem com dinheiro e alimentos. A Nave mantém uma padaria, uma cozinha que vende marmitex, além de brechó e bazar.
Uma parceria importante com a Prefeitura de São Carlos ajuda a manter a folha de pagamento dos mais de 40 funcionários, que é o maior custo da organização.

De ponta a ponta
Após anos trabalhando com crianças, Lúcia se deparou com um novo desafio: prestar atendimento também para idosos.
“Eu mesma não sabia que havia essa necessidade social, sinceramente”, afirma.
Na gestão do Centro do Idoso – que fica a poucos metros da “nave-mãe” –, a ONG provê alimentação, atividades físicas, culturais e de socialização para cerca de 80 pessoas.
Expandindo-se, foi tornando-se algo muito além dos tradicionais centros-dia, em que os idosos participam de atividades por poucas horas. O Centro do Idoso fica ativo desde as primeiras horas da manhã até o fim da tarde.
“Aqui é maravilhoso. Eu venho, faço meu crochê, artesanato, ginástica e aula de canto. Distraio bastante a cabeça”, afirma Aparecida Trombeta, de 68 anos.
Já Maria Aparecida Antônio dos Santos tem preferência pelo vôlei e bocha em seus três anos no Centro do Idoso.
“É muito bacana. A professora é um amor para nós, é uma mãe. Melhorei minha saúde e minha mente. É muito bom”, conclui.
Como doar?
Informações sobre como doar à ONG Nave Sal da Terra podem ser obtidas no site. Acesse aqui.
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