São Carlos segue com a crise na saúde pública, e desta vez o alvo é a saúde mental. Hoje, a fila de espera por atendimento psiquiátrico somente no Centro Municipal de Especialidades (CEME) tem pelo menos duas mil pessoas. A cidade tem apenas dois psiquiatras atendendo na rede pública.
Na família da dona de casa Rita de Cássia dos Santos Ferreira, a angústia tomou conta. O neto, diagnosticado com esquizofrenia, espera há mais de um ano por uma consulta, e pela falta ela chegou até a pagar um médico particular, mas ele voltou a entrar em crise e não tem condição de pagar uma nova consulta.
Agora a dona de casa luta pelo atendimento gratuito, que é direito da população. “Não tem psiquiatra, só tem acolhimento, psicóloga, e a gente é muito bem atendido, não vou dizer que não, mas o principal não temos, que é o psiquiatra. A gente está desprovido de tudo”, contou.
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Em situação semelhante, Viviane Buzzetti compartilha o drama do pai José, de 74 anos, que toma sete remédios por dia para esquizofrenia e Parkinson e chegou a ser internado, mas voltou para casa e permanece sem ajuda.
“Fui para o CAPs procurar ajuda, fui para UBSs e falam que não tem psiquiatra para poder dar continuidade no tratamento dele, ajustar a dose de medicamentos porque ele não dorme, só falam que não tem psiquiatra e eu não sei o que fazer”, desabafou.
A cidade tem três Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), sendo que um deles é infantil e juvenil e outro é mental, voltado ao atendimento de casos mais graves, mas apenas dois profissionais estão atendendo toda a demanda.
“[Precisam] colocar logo um psiquiatra para dar atendimento às pessoas que tem problema de saúde mental, ajudar os menos favorecidos que somos nós, que precisamos de ajuda e de médico. A prefeitura tem que fazer alguma coisa para ajudar a população”, completou Viviane.
Do outro lado
A prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Saúde abriu processo seletivo para contratar psiquiatras, mas até agora ninguém se candidatou. O salário chega a R$ 7,4 mil por 20 horas semanais de trabalho.
A administração ainda ressaltou que é necessário contratar mais nove profissionais para atender a demanda e que em breve fará um novo concurso público para contratação de profissionais, entre eles a especialidade de psiquiatria.
Argumentou ainda que o município foi vetado de fazer contratações entre 2020 e 2021 por causa de uma lei que proibiu o aumento de despesas com pessoal, e que no período teve aumento da demanda.
*Com informações da EPTV Central.
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