Com o tempo, muita coisa mudou na Vila Nery, mas algumas tradições permanecem. Comércios antigos ainda movimentam o bairro e mantêm vivo o espírito de comunidade. Um exemplo é o famoso Bar do Meca, ponto de encontro onde, ao fim da tarde, é sagrado passar para jogar conversa fora, tomar uma cerveja e disputar uma partida de truco.

Outro marco local é a banca do seu Zé, situada ao lado do bonde. No mesmo lugar há mais de 30 anos, José Renato Vilane conta com orgulho que chegou à praça antes do bonde ser instalado. Com seu jeito simpático e boa conversa, ele é conhecido por atrair e cativar clientes e amigos. “É um local gostoso. Vi muita coisa aqui. Nos anos 90, as crianças vinham brincar na praça com suas famílias. Hoje, o movimento diminuiu por causa da violência”, comenta Zé Renato.
Inicialmente, ele abriu a banca perto da rodoviária, após ficar desempregado. Quando decidiu se mudar para a Vila Nery, a banca foi incluída no projeto de revitalização da praça. “De manhã, o pessoal se reunia aqui para comprar jornal e conversar,” relembra.

A Vila Nery também abriga famílias que mantêm negócios no bairro há décadas, como a família Norde, estabelecida na mesma região desde 1957. Aparício Norde, um dos pioneiros, abriu uma loja de roupas e tecidos que atendia fazendeiros da região nos anos 60. “Ele vendia de tudo: tecidos, sapatos, roupas. Comecei a ajudar ainda na adolescência”, conta Idelma Norde, uma das filhas de Aparício.
Em 1984, o pai transferiu o negócio para as filhas Idelma e Edna. Mesmo formadas em outras áreas, elas optaram por seguir com o empreendimento da família. “Foi tudo graças ao meu pai. Com muito esforço, ele conseguiu formar todos os filhos, algo que ele sempre desejou, já que não pôde estudar”, acrescenta Idelma. Em 2006, pouco antes de a loja completar 50 anos, Aparício faleceu, mas as filhas seguiram com o legado. “O que mais nos liga ao bairro são as pessoas. Aqui, o avô comprava, depois o pai, e agora o filho também vem,” conclui.

Lúcia Aparecida, que veio de São Paulo, é mais uma história de quem foi conquistado pela Vila Nery. Após se estabelecer em São Carlos, ela abriu uma casa de salgados, que completa 10 anos este ano. “É muito gratificante trabalhar aqui. Gosto de lidar com as pessoas e não tenho do que reclamar dos clientes,” afirma Lúcia.
A Vila Nery segue como símbolo de tradição, onde histórias de trabalho e convivência se entrelaçam, mantendo vivo o espírito de comunidade em meio à modernidade.
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