Uma verdadeira febre sazonal, a Black Friday nasceu nos Estados Unidos, a “pátria do consumo”, mas encontrou no Brasil terreno fértil para se propagar. E virou febre em terras tupiniquins pelas mãos de um são-carlense.
Idealizador da “tropicalização” da data comercial, o empresário e criador da sexta-feira de compras no país, Pedro Eugênio, é nascido em São Carlos e é duas vezes pioneiro: além da “Black” ainda foi um dos primeiros a investir no mercado de provedores de internet, em uma época em que a Capital da Tecnologia e todo o mundo jamais pensaria em mencionar o termo “startup”.
Segundo o criador, a Black Friday nasceu no digital, cresceu, se expandiu para o físico e se firmou como uma das principais datas de compras no país.
“O Black Friday chegou ao Brasil em 2010. Foi uma ideia nossa. Quando analisamos o mercado americano e o chinês, vimos que é uma data de festas, descontos e oportunidades e isso tinha muito a ver com o público brasileiro”, afirma.
Para Eugênio, o brasileiro “gosta de descontos, de festas e aproveitar as oportunidades”. O “movimento”, já firme no país, tem trabalhado em dois eixos. Um deles é ensinar o consumidor a como aproveitar a data. O outro é levar mais empresas à sexta-feira de descontos.
“Com certeza, o brasileiro espera, quer muito participar. Brincamos que o Black Friday é a data mais egoísta que tem, pois diferente dos dias dos pais e das mães, é uma data em que o consumidor compra um produto para si. Então é natural que o tíquete médio do consumidor na black é em média cinco a seis vezes maior do que numa data comum”, afirma.
Expectativa do mercado
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) divulgou nesta quarta (24) pesquisa nacional que aponta: quase 30% dos consumidores ouvidos pretendem aproveitar a data de compra em todo o país. Outros 25% dos questionados afirmaram que ainda não decidiram ainda se vão comprar algo ou não. Por outro lado, 45,3% dos consumidores consultados estão certos de que não vão gastar na Black Friday, na sexta (26).
O setor de shoppings prevê aumento de 19% nas vendas no período, sobre 2020. Os centros de compras de todo o país esperam movimentar cerca de R$ 2,9 bilhões neste ano. Apesar do aumento, Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abresce) espera que a data neste ano seja 13% mais fria em termos de vendas do que 2019, antes da pandemia de Covid.
Outra pesquisa, da Alshop, Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping, mostra que 62,5% dos associados farão promoções. Mas os custos têm pressionado, uma vez que quase 20% dos empresários do ramo vão ficar de fora por conta das altas que minguaram as margens de vendas.