São-carlenses que estão realizando obras em casa estão precisando redobrar a atenção ao planejamento e à planilha de custos. É que além de mais caros, materiais de acabamento estão com modelos em falta no mercado, reduzindo a opção de compra.
O azulejista Antônio Eduardo Ranu já viu clientes correr para Santa Gertrudes, cidade-polo da cerâmica, para comprar porcelanato. Em São Carlos, há lojas com restrições de oferta de alguns modelos, que estão mais caros.
“Tem horas que não tem jeito, temos que esperar chegar porque o acabamento é o último (na obra). Colocamos quando está tudo pronto. Daí tem que esperar”, contou.
Para o profissional, o mercado aquecido é sinônimo de mais trabalho pela frente. Ranu garantiu pegar até duas obras por mês para garantir a qualidade. Para agendamento, segundo o azulejista, só há agenda para daqui a 25 dias. “Agora no momento não tem como”.
Quem deseja reformar a casa está enfrentando preços mais altos. O Índice Nacional da Construção Civil apresentou alta de quase 13% nos últimos 12 meses. Apenas neste ano, são 5% de acréscimo nos preços.
O aumento de preços afeta mais materiais pesados, como cimento, areia e pedra, usados em maior quantidade e que têm impacto grande no custo da obra. Porém, o acréscimo no preço do porcelanato não foi desprezível e mostrou impacto direto nos preços dos insumos e também do gás natural usado no cozimento das peças.
Alguns fornecedores de insumos estão enfrentando gargalos na entrega das encomendas, mas a possibilidade de trocar uma marca de cimento por outra, sem afetar a qualidade, facilita na hora da compra. Esse facilitador não existe na hora do porcelanato, uma vez que a própria aparência impacta no resultado final, segundo a arquiteta Camila Pereira Postigo dos Santos.
“Foram afetados mais os revestimentos porque as fábricas diminuíram a operação. Aconteceu duas vezes de o cliente dizer que precisava entrar com o piso, mas o fornecedor indicado dizer que iria demorar três meses, daí vai sair nas lojas e procurar o que tem a pronta entrega”, comenta.
A arquiteta também tem enfrentado maior demanda por reformas residenciais. Ela própria estava fora do ramo e voltou por um pedido de ajuda de uma colega, hoje sócia. Os pedidos são os mais variados, desde reformas de salas, quartos, áreas de lazer. Até “tapas no visual” que não requerem obras de alvenaria.
“As pessoas estão ficando mais em casa, com a pandemia, e estão olhando mais para os espaços e se preocupando mais em qualifica-los”, conta.
Na loja de Armando Sangaletti, houve um aumento significativo na procura por materiais de acabamento desde o início da pandemia, o que tem se mantido agora. O mercado de reformas aquecido tem feito com que o setor representasse 60% das vendas no estabelecimento.
A compra de porcelanato, por exemplo, acaba puxando outros materiais, segundo o empresário. Quem fecha a compra do revestimento acaba comprando a rejunte, a argamassa. Quando a reforma é no banheiro, a carrinho também leva os metais e porcelanas sanitárias.
“Num passado próximo, no final do ano até o começo deste, as fábricas tiveram muitas dificuldades. Grande parte, quase a maioria. Temos parcerias com indústrias que nunca nos deixaram na mão”, relata.
Para o dono da casa que deseja fazer a reforma, a receita dada pelos profissionais é paciência e pesquisa, além de muita sola de sapato para encontrar o produto que se encaixa bem no projeto arquitetônico.