A pandemia de Covid-19 derrubou em 20,2% o consumo de gás natural encanado em São Carlos (SP) no ano passado. O fornecimento do combustível na cidade foi afetado, principalmente, pelos setores comercial e industrial. O gasto residencial, em contraponto, teve aumento com as medidas de distanciamento social.
A informação é da concessionária distribuidora de gás na cidade. Para 2021, a expectativa da empresa é recuperar a demanda aos patamares de 2019, pré-pandemia. Em 2020, a cidade consumiu 9,296 milhões de metros cúbicos de gás, volume um quinto menor do que o registrado em 2019, quando foram queimados 10,457 milhões de metros cúbicos.
Acompanhando as medidas de lockdown e restrições econômicas, sobretudo às aplicadas a bares e restaurantes, o setor comercial foi o mais afetado, com redução de 31,8% no período. Em 2019, para efeito de comparação, houve aumento de 4,5% na demanda, segundo o diretor técnico comercial da companhia de gás, Paulo Lucena. “Temos um impacto forte, notadamente em bares e restaurantes, mas tem uma coisa que médio e longo prazo esperamos recuperar. Mas, em 2021, não vamos ter essa recuperação no consumo (no comércio), vamos ter sim na indústria”, explica.
De cada 10 metros cúbicos de gás destinados a São Carlos, 9 foram consumidos por indústrias. A redução da atividade econômica, que brecou o consumo de bens, fez despencar a produção, impactando em queda de 20,4% na cidade. Os principais clientes da empresa em São Carlos são dos ramos metalmecânico e têxtil. “Acreditamos numa recuperação de volume, de voltarmos a patamares alcançados em 2019. Então vamos voltar a crescer. Em conversa com clientes industriais, temos visto que a tendência nos setores é voltar ao patamar de 2019, além disso temos expectativa de crescimento na rede”, relata.
Apesar de ter impactos negativos nos setores comerciais e industriais, a pandemia elevou o consumo de gás encanado nas residências de São Carlos. Sem a opção de restaurantes e maior tempo dentro de casa mudou os hábitos da população, de acordo com o diretor.
Atualmente são 6.055 consumidores residenciais, 168 comerciais, 16 industriais e 3 postos revendedores de gás natural veicular (GNV). Para 2021, a expectativa da empresa é aumentar o número de ligações à rede de gás, que atualmente tem extensão de 100 km na cidade.
Até dezembro, há expectativa de incremento de cerca de 300 novos clientes em São Carlos, chegando a 6.550 consumidores de gás natural na cidade, o que inclui a previsão de ligação de novas indústrias do setor de alimentos e metalmecânico, o que adicionará aproximadamente 170 mil metros cúbicos de gás consumido anualmente no município.
A longo prazo, a ideia da empresa é investir nas ligações de gás unifamiliar, as residências. Os prédios têm sido o quebra-gelo na proposta da companhia, uma vez que o grande número de ligações num único ponto melhora a economicidade, ou seja, faz mais com menor custo. “Temos planos de avançar no (consumo) unifamiliar, mas o que normalmente consegue viabilizar a infraestrutura de gás são os condomínios. Com os anos a expectativa é ligar as casas, pois começa a dar economicidade para os projetos residenciais também”, vaticina.
Atualmente, a distribuidora de gás encanado atende os bairros Jardim Jockey Club, Cidade Jardim, Parque Arnold Schmidt, Centro, vila Prado, Parque Faber, além do Distrito Industrial e outras localidades residenciais. Apesar da produção vinda do pré-sal, na Bacia de Santos, o gás consumido em São Carlos é de origem boliviana. Há duas explicações: uma delas é que o gasoduto transnacional passa pela região. A outra é que o gás importado tem custo menor do que o nacional, mesmo tendo poder calorífico maior.