A regressão da região de São Carlos para a fase laranja do Plano São Paulo preocupa comerciantes e trabalhadores. Com restrições no horário de funcionamento, na capacidade de atendimento e até mesmo na abertura de atividades não essenciais, especialistas temem uma nova onda de demissões e até de fechamento de empresas.
Segundo o economista e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Claudio Paiva, a medida é necessária para evitar a perda de mais vidas em decorrência do novo coronavírus. Apesar disso, o professor afirma que este é o pior momento da pandemia, não só do ponto de vista sanitário, mas também econômico.
“Erro no planejamento significa morte e é isso que está acontecendo no Brasil inteiro. Temos um outro problema muito mais importante que é quanto mais fazemos o distanciamento social e isso reduz o número de mortes, mas passamos a não ter mais medo da doença e daí acaba flexibilizando. Neste momento, certamente há gente que diz que poderíamos ter feito lockdown (confinamento), poderíamos fazer algo mais rígido naquele momento e que agora teríamos uma outra situação, mas isso não é 100% de certeza”, opina.
As medidas restritivas da fase laranja e fase vermelha – decretada em todo o estado das 20h às 6h de segunda a sexta-feira e aos fins de semana – passaram a valer na segunda-feira (25) em São Carlos. Porém, alguns setores, como bares e restaurantes, fecharam as portas já no fim de semana anterior. Uma forma de evitar gastos.
“O impacto econômico das medidas adotadas já começou. Já neste final de semana alguns lugares tiveram a abertura parcial e isso foi interessante pois já (os empresários) estavam se preparando em relação a estoque, mas alguns não abriram (o estabelecimento) para previsão de estoque e não ter que comprar mais produtos e depois ficar parado”, comenta.
O economista ressalta ainda que a perspectiva econômica para os próximos meses não é boa. De acordo com ele, no fechamento em 2020, havia uma previsão de abertura e, por isso, possibilidade de planejamento das ações.
“Diferentemente dos meses de março e abril (de 2020), quando começou a pandemia, a expectativa era que retornaríamos em maio. Então tinha a perspectiva de aguentar e ter um fôlego. Neste momento, nós sabemos que em abril e maio não estaremos de volta, pois não haverá vacina”, compara.
Nesse cenário, o temor é uma nova onda de demissões e até o fechamento de empresas por falta de verbas.
“Neste momento para amenizarmos os impactos no faturamento das empresas, teríamos que fazer alguns ajustes com o governo federal, estadual e municipal. O governo federal teve um programa de auxílio com o pagamento de parte dos salários com impacto bastante significativo para muitas empresas e isso foi importante. Neste momento, há impostos municipais como o IPTU. Se não amenizarmos esses valores para pagar no futuro, teremos problemas, pois muitas empresas estão em condições de fechamento neste momento e não vão pagar o imposto, então precisam ter algum incentivo para manter os empregos”, afirma.
O governo do Estado planeja divulgar nova reclassificação do Plano São Paulo no dia 7 de fevereiro.