Os impactos da crise hídrica e os sucessivos aumentos na conta de luz poderão ecoar nos próximos meses e até em 2021, na avaliação do economista Luiz Eduardo Gaio.
O aumento em R$ 4,71 para cada 100 kWh da bandeira de escassez hídrica vai ter repercussão direta no orçamento das famílias e indiretamente poderá encarecer o custo de vida com produtos e serviços que dependem da eletricidade para serem feitos. O país vivencia a pior seca em 91 anos, segundo o governo federal.
“Com essa crise econômica, a nossa renda vai se comprometendo. E nessa alta o poder de compra fica cada vez mais complicado”, relata.
Para o economista, a falta de chuvas ainda terá impactos que vão além da geração de energia. Com a escassez, a produção de alimentos poderá ter quebras que poderão fazer pressão nos preços nos próximos meses.
“Vai faltar alimentos já na frente. Como o produtor não consegue ofertar esses produtos, obviamente esses preços tendem a aumentar no supermercado, pois vai faltar produto na prateleira”, vaticina.
Além da perspectiva de inflação futura, o aumento de preços do passado recente e do presente já pressionam o orçamento familiar. O preço do combustível, já alto, tem feito donos de veículos pensar duas vezes antes de abastecer o carro.
“A dica é a de sempre, buscar economizar desligando a TV da tomada, diminuir tempo de chuveiro, lavar roupas duas vezes por semana, enfim, tentar equacionar. No supermercado, sempre pesquisar na hora da compra”, conclui.
Falta de planejamento
Gaio opina que o governo federal demorou para agir para estancar o esvaziamento dos reservatórios de água das hidrelétricas. O problema era notado há pelo menos 60 dias e incentivos à economia de energia deveriam ter sido implantados há mais tempo.
“O governo demora nas suas ações porque está pensando na eleição do ano que vem. Elevar a energia elétrica é ruim para a sua popularidade”, avalia.