Após novo aumento de preços da gasolina, o etanol também subiu em São Carlos (SP) e já passa dos R$ 5 em alguns postos da cidade.
Em um estabelecimento na avenida Comendador Alfredo Maffei, o biocombustível vegetal está custando R$ 5,099 na manhã desta terça-feira (26), aumento de 3%. No último levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com fechamento no sábado (23), o etanol estava cotado a R$ 4,80, em média.
Há ainda locais com preços antigos para o etanol. Posto localizado no Jardim Paraíso tem o combustível a R$ 4,899; outro na Getúlio tem a R$ 4,839.
O aumento do preço do etanol vem na esteira dos reajustes dos combustíveis fósseis. Ontem, a Petrobras anunciou remarcação em 7% na gasolina e 9% no óleo diesel, válido a partir de hoje. Remarcado nas refinarias, os novos preços já chegaram em São Carlos nesta manhã.
Dos sete postos pesquisados pela reportagem, apenas dois deixaram de aplicar a remarcação nesta manhã. Os preços variam entre R$ 6,099 e R$ 6,499. O diesel rodoviário custa entre R$ 5,05 e R$ 5,39, enquanto que o S-10 vale entre R$ 4,97 e R$ 5,499.
Quem foi aos postos de combustíveis nesta manhã abastecer o carro se deparou com o novo aumento e não gostou. A situação “está complicada”, para o educador físico Antônio Manoel Campos. Com 70 anos, já vivenciou outras experiências da inflação, em uma época em que as remarcações eram bem frequentes. Essa memória não o agrada.
“O Brasil sempre viveu isso: inflação, controle, inflação. Aumenta o combustível e aumenta tudo e o trabalhador de classe média quem sofre mais, porque precisa sair e trabalhar. Sempre coloco R$ 100, mas o ponteiro vai baixando e você anda menos”, reclama.
Para o motorista Esdras Machado, o aumento é “abusivo”.
“Infelizmente, no Brasil o combustível está atrelado ao dólar. Não devia estar atrelado ao dólar. O petróleo é nosso. Se temos, porque aumentamos e usamos um petróleo americano?”, questiona.
O economista Claudio Paiva vê também na dolarização parte do problema enfrentado nos preços dos combustíveis. Com parte do petróleo importado para complementar a produção nacional e concorrentes atuando como importadoras de combustíveis, os preços ficam sujeitos à flutuação da moeda estadunidense. E recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, não têm ajudado nisso. “Isso tem o efeito na hora de fazer a conversão do preço do barril do petróleo para reais”.
Em outra ponta, o aumento do consumo dos combustíveis, fruto da retomada das atividades neste momento da pandemia de Covid-19, tem aberto mais margem para reajustes nos postos. “Isso tem ampliado a demanda à anterior que existia”.