Além dos maiores custos na alimentação, aluguel e energia, o paulista poderá ter de arcar com maior valor do IPVA no começo do ano que vem. Quem tem veículo poderá sofrer com os preços inflacionados por causa do aquecimento do mercado de usados. Desde fevereiro do ano passado, no começo da pandemia, o automóvel usado ficou 24% mais caro.
O cálculo é da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Fipe). A inflação dos preços do usados supera, inclusive, a dos carros novos, que ficaram 19,9% mais caros no mesmo período. Entre as motocicletas, a disparada foi de 28,2% entre as usadas e 22,3% entre as novas.
Como a média de mercado calculada pela Fipe é usada pelo governo do Estado como base de aferição do IPVA, os donos de veículos vão ter que desembolsar mais para quitar o tributo, mesmo sem alteração da alíquota, que continua em 4% para veículos flex ou a gasolina e 3% para os exclusivamente a etanol.
“Não quer dizer que o IPVA subiu, quer dizer que como o valor do carro subiu o imposto que a pessoa vai pagar será mais caro no ano que vem. Disso não tenho nenhuma dúvida”, explica o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, Guilherme Moreira.
Para efeito de comparação, um Chevrolet Onix LT 1.0 Flex, cujo preço Fipe estava em R$ 30.387 em fevereiro do ano passado, passou para R$ 35.745 na última mensuração, em agosto. São 16,7% a mais no período. Se na época ele pagaria R$ 1.215 em IPVA, agora o valor ficaria R$ 204 mais caro.
Segundo Moreira, a alta de preços nos carros usados tem diversas causas. Uma delas é a desvalorização do real, que deixou a importação de peças e insumos mais cara para as montadoras. Na outra ponta, houve falta dos próprios insumos, principalmente os chips, que paralisou a montagem dos carros, causando a escassez no mercado. Por último, a alta de preços e a falta de zero quilômetro no mercado fez com que compradores em potencial migrassem para os usados, inflacionando o preço deles.
“As pessoas não conseguem comprar o carro novo ou o preço dele subiu muito e partem para o usado, que acompanha a elevação. Aliás, o usado subiu mais do que o novo. Está tudo interligado”, conclui.
Questionada, a Secretaria da Fazenda de São Paulo afirmou que contrata anualmente a Fipe para composição de planilha de valores apurados em setembro de cada ano. Disse ainda não haver prognóstico de valores para o ano que vem, uma vez que a entrega da tabela será feita em novembro e publicada em dezembro. “Portanto, ainda não há informações sobre alta ou baixa de valores de veículos.”