Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência multilateral da ONU, as mulheres perderam 23 milhões de postos de trabalho durante a pandemia, dos quais 4 milhões não foram recuperados. Já os homens perderam 26 milhões de empregos e recuperaram todos os trabalhos.
São Carlos tem sido um espelho da realidade já vista no Estado de São Paulo, em todo o país e, num contexto mais amplo, na América Latina.
A disparidade de gênero foi vista logo no início da pandemia de Covid-19, em 2020. No período mais crítico, em que a economia sofreu grande baque com as paralisações, entre março e dezembro daquele ano, o mercado “masculino” abriu 190 vagas, mas o “feminino” fechou 166 postos.
“Há uma necessidade de uma retomada do comércio e de maneira mais forte e do setor de serviços que é onde têm uma predominância muito forte das mulheres. Mas, de todo o modo, é preocupante a questão de gênero que ocorre no mercado de trabalho. Se antes tínhamos uma dificuldade das mulheres em executarem o mesmo trabalho e receberem menos do que os homens, agora temos outro que se agrava que é a ideia de geração de empregos para mulheres”, avalia.
Para o economista e colunista da CBN Cláudio Paiva, não há desenvolvimento econômico sem igualdade de gênero. Para ele, alguns setores precisam ser impulsionados para aumentar a presença feminina no mercado de trabalho.
Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram essa tendência. De março de 2020, primeiro mês da pandemia, até janeiro deste ano foram gerados em São Carlos 5.996 vagas de trabalho. E a participação das mulheres não chegou a 37% dos empregos criados, em um contexto em que elas são pouco mais da metade da população.
A crise econômica vivida pelo país e potencializada pela pandemia de Covid-19 deixou um ambiente ainda mais hostil às mulheres no mercado de trabalho. Elas que já conviviam com a desigualdade de renda, agora vivem com menor número de oportunidades.