Em tempos de preço de combustíveis nas alturas, consumidores estão buscando meios de tentar economizar alguns trocados na hora de abastecer o automóvel. Para além dos centavos de diferença entre os preços de um posto e outro, o comportamento do motorista pode influir muito mais, com redução de até 25% no consumo.
Alder Evandro Massuco, orientador em prática profissional do setor automotivo do Senai, afirma que um dos pontos em que os condutores precisam ter atenção na hora de dirigir é o tacômetro, medidor de rotações do motor. A faixa ideal para a economia de combustível é entre 2 mil e 2 mil rotações por minutos (RPM). Menos do que isso ou acima é desperdício de dinheiro.
“É comum às vezes, quando o motorista passa por uma lombada continua com a terceira marcha engatada, está em 1.500 RPM. Ele está jogando combustível dentro do motor e ele não está sendo queimado em sua totalidade. Literalmente está jogando combustível pelo escapamento”, revela.
No caso, o consultor indica que o condutor do veículo deixe o carro na faixa de rotação indicada, mesmo que isso possa fazer com que o veículo esteja em uma marcha abaixo. Na ocasião de “saída” de lombada, o mais indicado seria a segunda velocidade.
Em situações de subida íngreme, que exigem muito torque do motor e uma acelerada mais vigorosa, Massuco orienta que ainda assim é possível manter o motor entre 2 mil e 3 mil RPM e manter a marcha que deixe o motor nesse nível de desempenho. “Melhor às vezes não trocar a marcha, subir em velocidade mais amena para manter o giro”.
Pai da injeção eletrônica, o carburador ainda tem ditado algumas das “lendas” da economia de combustível. A famosa banguela, quando o motorista deixa o câmbio em ponto morto não “cola” em veículos injetados.
“Era bem categorizado pelos nossos pais, que sempre escutávamos soca na banguela que economiza. Isso é uma mentira, até porque quando chega lá embaixo [da ladeira], ao engatar a quarta ou quinta marcha, dependendo da velocidade, todo o combustível injetado entra em excesso no motor, pode dar um sobregiro do motor”, explica.
Os sucessivos aumentos do preço do combustível podem dar a ideia de que ao encher o tanque o consumidor fica precavido das oscilações (para cima) das cotações. A prática pode até ser bem-vinda, mas pode gerar mais gastos ao rodar com o tanque cheio. Um de 60 litros cheio pode representar, no mínimo, 43 kg a mais no carro. Quanto mais peso, mais torque o motor precisará para mover o todo.
“O fato é que ele é um peso a mais para transportar. O ideal é meio tanque”, resume. Outra ressalva é para a reserva: pouco combustível no tanque pode forçar a bomba e causar prejuízos ao dono.
Sair mais cedo de casa pode gerar economia ao conduzir o veículo com maior tranquilidade. Semáforos com temporizadores, muito comuns em São Carlos, podem ajudar os motoristas. Ao ver que o tempo está a esgotar, o melhor é reduzir a marcha, a velocidade e parar.
“Minha orientação é justamente essa. Não colocar a terceira [marcha] e sair correndo para chegar lá na frente e frear, colocar o ponto morto com o carro parado. Gasta combustível desnecessariamente”, afirma.
Apesar da orientação para que motoristas conduzam o veículo sempre de olho no tacômetro, Massuco adverte que o equipamento pode enganar, sobretudo ao induzir o condutor a “subir” a marcha. É que a central de injeção eletrônica nem sempre entende que o motorista quer economizar usando a marcha mais alta.
“A central faz uma conta que não fecha. Como o carro está na quarta marcha a 40 km/h se na cartografia está que a marcha é para mais de 80 km/h? A conta não fecha”, relata.
Para quem anda com carro automático, a vida é mais mansa. O sistema tende a relacionar a marcha à velocidade, pressão no pedal do acelerador e outros indicadores para maior economia. Todavia, quem anda em carro com esse tipo de transmissão deve se atentar ao pé pesado. “Se manter a leveza da rotação, o carro automático traz giro para a economia”.
Atenção ao pneu
O pneu pode ser aliado ou vilão quando o assunto é consumo de combustível. Quando bem calibrado, ele ajuda o ponteiro que indica o nível do tanque a ter menos pressa para chegar à reserva.
Em um exercício de imaginação, andar com o pneu murcho é como andar da areia fofa de praia. Exige mais esforço e menor espaço de tempo e acaba andando menos. O resultado é até 25% de gastos a mais, seja no etanol ou na gasolina.
“Semanalmente tem que ver a calibração dos quatro pneus e não se esquecer do estepe. É muito comum ocorrer de a pessoa pegar uma rodovia, precisar do sobressalente e se deparar com ele murcho”, adverte.
O especialista ainda explica que viagens rodoviárias exigem calibração mais alta atrás quando o carro vai com a capacidade completa, seja de passageiros, carga e tanque. “Daí é só lembrar de quando voltar da viagem recalibrar e deixar tudo igual”.
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