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EconomiaPesquisa da UFSCar analisa comércio entre vizinhos na pandemia

Pesquisa da UFSCar analisa comércio entre vizinhos na pandemia

Dos condomínios analisados, 76% das atividades comerciais exercidas são de alimentação, com a produção de bolos, tortas, brigadeiros, hambúrgueres e massas

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Comércio entre vizinhos cresceu na pandemia. Foto: Amanda Rocha / ACidade ON
Comércio entre vizinhos cresceu na pandemia. Foto: Amanda Rocha / ACidade ON

A necessidade de distanciamento social levou à busca de alternativas para geração de renda, especialmente por aplicativos, como o WhatsApp.

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Nos condomínios fechados, o que cresceu foi o comércio entre os próprios vizinhos.

Uma pesquisa desenvolvida na UFSCar analisou o comércio e o consumo de mercadorias em condomínios residenciais.

O trabalho foi realizado por Carlos Henrique Costa da Silva, docente do Departamento de Geografia, Turismo e Humanidades do Campus Sorocaba da UFSCar, e por Diego de Morais Benega, mestrando no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Instituição.

Eles investigaram a organização do comércio e do consumo em três condomínios residenciais, de casas e prédios, no interior paulista. Locais de diferentes classes sociais. O período analisado foi de abril a novembro de 2020.

Dos condomínios analisados, 76% das atividades comerciais exercidas são de alimentação, com a produção de bolos, tortas, brigadeiros, hambúrgueres e massas.

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Em segundo lugar – apenas 10% das respostas – está a prestação de serviços, como vendas de produtos artesanais como máscaras caseiras, assistência técnica em eletrodomésticos ou reparos em imóvel. Por fim, entram serviços como higiene pessoal e beleza (6%), vestiário (4%) e serviços para animais (4%).

Segundo o estudo, essa nova forma de comércio aponta para algumas tendências, como a precarização.

A falta de estrutura para os trabalhadores se deve à crise econômica. Aumento do desemprego e da informalidade fez com que a maior parte dos entrevistados, 64%, relatasse que a venda é a principal fonte de renda ou, pelo menos, de complementação, como explica o professor Carlos Henrique Costa da Silva.

“Um desses caminhos foi a precarização do trabalho, porque as pessoas muitas vezes não voltaram para o mercado de trabalho formal e passaram a ter a sua renda exclusivamente por essa forma de comunicação e informação. O outro caminho foi a ampliação, a tentativa de ampliação, de atingir e se comunicar com o mercado consumidor.”

Os dois principais meios de divulgação dos comércios são WhatsApp e o famoso “boca a boca” 40% dos comerciantes optaram pelo WhatsApp, e 31% acreditam na divulgação por indicação.

A análise também mostrou que a relação de vizinhança nos três condomínios permitiu o comércio solidário entre as pessoas.

“No início é uma solidariedade. Todo mundo praticamente fazendo a mesma coisa. Não é o mesmo produto, mas trabalhando num mesmo barco. A gente sente uma solidariedade. No entanto, isso é interessante ver, conforme foram passando os meses, o próprio consumidor vizinho foi selecionando os melhores produtos também. Não é todo brigadeiro, que todo mundo faz, que vai agradar a maior quantidade de gente”, afirma.

Os resultados da pesquisa estão no livro “Espaços de consumo em tempos de Covid-19”, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

A obra está disponível para leitura no site livrosabertos.sibi.usp.br.

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Bruno Moraes
Bruno Moraeshttps://www.acidadeon.com/saocarlos/
Bruno Moraes é repórter do acidade on desde 2020, onde faz a cobertura política e econômica. É autor do livro “Jornalismo em Tempos de Ditadura”, pela Paco Editorial.
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