São Carlos (SP) gerou 723 novos postos de trabalho no primeiro mês de 2021. A expectativa frustrada de bom desempenho na vacinação nacional contra a Covid-19 foi um dos motores, na avaliação de economista.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, foram divulgados nesta terça-feira (16). Os principais movimentos de contratação ocorreram nos setores de serviços e indústria.
O mercado de trabalho são-carlense realizou 2.109 dispensas e assinou 2.832 carteiras de trabalho. O saldo, de 723, representou aumento de 97% na comparação com o saldo registrado em janeiro do ano passado.
No primeiro mês de 2021, o setor de serviços demonstrou força por conta do otimismo relacionado ao momento então vivido em meio a pandemia, segundo o economista Claudio Paiva.
“Temos uma coisa bastante interessante é que o mês de dezembro tinha um controle da pandemia, estávamos com a variante antiga e já tínhamos definido ali em dezembro a expectativa de começar a vacinação logo no início de janeiro e que boa parte da população estaria vacinada no final de março. Essas eram as expectativas. Naquele momento, a decisão de contratação já estava feita”, avalia.
Até então, o município não havia sentido a chegada da segunda onda de infecções de Sars-CoV-2. Foram 460 vagas criadas no setor econômico, com destaques para os 224 postos gerados na área de serviços administrativos. Saúde (38) e Educação (20) foram destaques na área de serviços públicos.
“Outro destaque foi o desempenho da indústria de São Carlos que gerou em termos líquidos 209 postos de trabalho. Deste modo, serviços e indústrias foram responsáveis por 93% do saldo de postos de trabalho criados em janeiro”, comenta.
Dentro do setor industrial, principal saldo foi o da indústria da transformação. Fabricação de máquinas, bens duráveis, produtos têxteis e de vestuários, alimentícios, entre outros estão incluídos na soma. Em suma, a fábricas que dependem do bom humor e de boa expectativa para garantir vendas.
O comércio teve desempenho ruim no primeiro mês do ano, com saldo negativo de 26 vagas. Foi a única atividade econômica a ter resultado líquido desfavorável. A queda foi puxada pelo varejo (-53), mas compensada pelo atacado (+10) e comércio e reparo de veículos (+17).
“O desempenho econômico do comércio foi muito fraco”. “O setor responde muito mais rápido às variações que se teve. No caso de São Carlos ainda tem o efeito negativo das inundações”, comenta.
A construção civil, refletindo o otimismo nacional do setor, teve abertura de 72 vagas, e a agropecuária, com mais 8 vagas, totalizam o balanço setorial do Caged.
A pandemia de Covid-19 continua a penalizar as mulheres na comparação de gêneros. No resultado líquido de janeiro, o “placar” ficou em 414 vagas para eles e 309 para elas. A dedicação das trabalhadoras no cuidado familiar no contexto da epidemia contou no nível de contratação, avalia o economista.
“As mulheres faziam dupla jornada, trabalhavam no comércio ou indústria e depois em casa. Isso só era possível porque tinha um funcionamento de creches, escolas, o que não há. Além disso, com a pandemia, as mulheres passaram a ser responsáveis no cuidado dos pais e avós, é mais um agravante”, consta.
Em outros recortes, o Caged mostrou uma prevalência de jovens, com idade entre 18 e 24 anos, que representaram 45,2% do saldo, e nível educacional entre ensinos fundamental e médio completos (73,4%).