Em um país agrícola onde 64% da matriz elétrica nacional é dependente de barragens, a falta de chuvas que afeta a Região Hidrográfica do Rio Paraná tem o potencial de trazer danos sociais e econômicos. E a agricultura pode colaborar para que o Brasil se prepare para crises deste tipo no futuro.
A constatação é do pesquisador Luís Henrique Bassoi, da Embrapa Instrumentação, de São Carlos (SP). Novas tecnologias, compartilhamento de conhecimento e controle de perdas são essenciais para a prevenção de crises futuras.
Segundo a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), em relatório publicado no ano passado, a irrigação corresponde a 38,3% da água consumida e o consumo animal a outros 8,2%.
“Há técnicas de monitoramento de água no solo, no tecido vegetal, no meio ambiente, na atmosfera. Isso tem que ser difundido para o produtor irrigante, de modo que ele tendo essa irrigação possa aplicar esses critérios e assim ter uma maior eficiência na utilização de água na irrigação”, comenta.
Segundo o especialista, outra questão que pode ser observada é que o avanço da tecnologia pode facilitar o acesso do produtor que usa a irrigação a métricas que permitem conhecer, em tempo real, se a plantação precisa de água ou não, e qual local a intervenção é necessária.
“São ferramentas que podem auxiliar o produtor com maior capacitação, maior conhecimento de informações, até um maior acesso a dados e com isso auxiliar na tomada de decisão de como irrigar, quanto aplicar e quando irrigar, isso vai aumentar a eficiência da água na irrigação”, afirma.
O uso do melhoramento genético também potencializa a produção na agricultura, sobretudo no desenvolvimento de cultivares mais resistentes ao estresse hídrico, situação em que a falta de água afeta o desenvolvimento da planta e até pode levar o vegetal à morte.
Apesar de eventuais desperdícios no uso, o pesquisador defende a aplicação da água na agricultura. Quando usada, a irrigação potencializa a produção e até a qualidade do produto, dependendo do cultivo. Para além disso, segundo Bassoi, se trata de segurança alimentar, uma vez que o alimento é obtido em maior qualidade e quantidade, o que empurra os preços para baixo a longo prazo.
“Um fato que é pouco mencionado é que além da irrigação ser uma necessidade e opção estratégica, a prática ou grandes projetos de irrigação são componentes da integração nacional”, explica.