São seis anos de criação, muitos desafios e uma única vontade: promover a cultura por meio das artes cênicas e de sua multiplicidade. Entre tantas dificuldades e falta de investimento público, o grupo Retalho Coletivo, de São Carlos, ainda resiste e leva alegria aos amantes das artes pela região.
O grupo, que foi fundado a partir de uma junção de dois núcleos, tem hoje sete artistas com diferentes propostas dentro das linguagens da chamada quinta arte, formando um “retalho” de experiências em dança, circo e teatro. Neste ano foram dois trabalhos estreados, sem contar as oficinas realizadas.
Depois da suspensão de atividades culturais na pandemia, os artistas ainda estão vivendo o processo de retomada, e segundo o integrante Bruno Garbuio, o interesse vem aumentando, mas “ainda é preciso muito trabalho de formação de público”.
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Um desafio enfrentado pelo grupo tem sido o financeiro. Segundo o ator, a dificuldade de conseguir editais ou vendas dos trabalhos tem sido intensa, e por isso todos complementam a renda com aulas e outras atividades, e além disso, outra batalha é para ter projetos aprovados em festivais ou editais de fomento.
“Como muitos grupos e artistas, nós também nos inscrevemos em dezenas de editais anualmente. São trabalhos que chamamos de invisíveis, pois muitas pessoas não sabem que há uma equipe de produção, composta por parte do grupo, que continuamente inscreve projetos em diferentes editais. Brincamos que nesta trajetória a cada 20 projetos inscritos, 1 chega perto e 0,1 é aprovado”, contou Garbuio.
Mas a situação não é suficiente para fazer com que os artistas desistam de promover e incentivar a cultura, levando-a a todos os cantos. “Fizemos uma pequena temporada do ECO e uma apresentação do “Melodrama da meia noite”. A perspectiva é tentar viajar com ambos pelo Estado”, contou Bruno Garbuio, integrante do grupo.
Vivendo da arte
Neste dia de homenagem, muito se chama atenção para a falta de investimento na cultura, e em São Carlos não há um cenário muito diferente. Segundo o ator, viver como um profissional do teatro hoje ainda é possível, mas o caminho é cercado de muita instabilidade.
“Costumamos dar aulas e oficinas, muitas vezes temos mais de um projeto em execução em um semestre, mas no seguinte não temos nada. Esta é uma realidade muito comum no Brasil, e também é muito comum artistas fazerem outras atividades, que não a de seu ofício, para complementar renda”, disse.
O Dia Mundial do Teatro surgiu na década de 1960, idealizada pelo Instituto Internacional de Teatro, No dicionário, a palavra tem pelo menos três definições, mas segundo Garbuio, a definição é muito difícil, principalmente por conta da constante reinvenção, onde há sempre duas coisas importantes: alguém que quer mostrar algo e alguém que está lá para ver.
“Minha mensagem é: Vá ao teatro! Seja na rua, no palco, em espaços alternativos, se souber que há uma peça, vá! O teatro só existe no encontro entre elenco ou artista e público. E a gente vai se reinventar quantas vezes for necessário para mostrar aquilo que também achamos ser necessário”, completou.
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