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Lazer e CulturaElogios e promessa quebrada: a visita de Dom Pedro II a São Carlos em 1886

Elogios e promessa quebrada: a visita de Dom Pedro II a São Carlos em 1886

Foi no mesmo mês, há mais de 130 anos, que a pernoite do imperador mudou a história da cidade

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ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO DE SÃO CARLOS

Foi em novembro de 1886, em meio a um período de conflitos e movimentação política, que São Carlos viveu um dos episódios mais valorosos de seus quase 166 anos: a visita de Dom Pedro II, que durou apenas uma pernoite, mas foi memorável para a história da cidade e envolveu elogios, recepção, promessa ‘quebrada’ e dívidas para fazendeiros.

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Contam os historiadores que Dom Pedro II estava viajando pelo interior de São Paulo a fim de reaproximar os fazendeiros paulistas, que naquele cenário – três anos antes da Proclamação da República – representavam uma força econômica grande e se mostravam indispostos com o império.

Ele, então, sai de Rio Claro com uma comitiva e vem pelos trilhos até São Carlos, anunciando junto de sua visita a reinauguração da Estação Ferroviária de São Carlos, que começara a funcionar dois anos antes.

A visita se tratou de um grandioso evento na cidade dos condes, barões e viscondes, nomes de peso que tinham muita força política nos âmbitos estadual e nacional, principalmente – Visconde da Cunha Bueno e Conde do Pinhal estavam entre eles.

“A ideia que se tem é que eles chegam pelo meio do dia. Ele desce, tem festividades o esperando, vai de carruagem e passa pela Rua São Carlos – que mais tarde se torna a Avenida, faz alguns passeios e se dirige para o Palacete do Visconde da Cunha Bueno, onde se hospeda”.

Historiadora da Fundação Pró-Memória, Leila Massarão.

NARRAÇÃO HISTÓRICA E REGISTRADA

Toda essa visita é narrada, na época, por um jornalista da Revista de Engenharia, que em uma das edições do periódico chegou a detalhar até mesmo as “falas” do imperador sobre “a mais bela” São Carlos do Pinhal e a recepção calorosa com que foram recebidos.

Confira abaixo um trecho retirado da revista histórica que detalha os passos da comitiva de Dom Pedro II sobre o solo são-carlense:

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A foto mostra um trecho de uma revista de época
Trecho da edição da Revista de Engenharia. (Foto: Reprodução/Fundação Pró-Memória)

Antes de partir para Araraquara, ele ainda se serviu de um grande banquete cujo cardápio foi encontrado por pesquisadores da Fundação (veja imagem abaixo).

Dentro de todo o contexto, o palacete de Visconde da Cunha Bueno se torna um local de destaque junto com a Estação, que hoje exibe uma réplica da carruagem utilizada por ele – um dos “xodós” do são-carlense.

Além disso, a rua por onde o imperador passou, no Centro da cidade, também ganhou o nome dele. Hoje, o palacete onde Dom Pedro II pernoitou é sede de uma associação católica.

A foto mostra o encarte de um cardápio antigo
Encarte do cardápio do banquete de Dom Pedro II (Foto: Arquivo/Fundação Pró-Memória

PROMESSA NÃO CUMPRIDA

De acordo com Leila Massarão, havia um compromisso de que ele voltaria a fazer suas viagens pelo interior paulista e passaria por São Carlos do Pinhal em 1889, promessa que causou movimentação na cidade.

“Muitos palacetes apareceram naquele momento, mas um específico ficou marcado, que é um palacete urbano que foi construído na área rural, o palacete da fazenda Santa Maria do Monjolinho – que inclusive hoje é tombada”, contou.

A foto mostra um casarão antigo em meio a árvores
Casarão da Fazenda Santa Maria, em São Carlos. (Foto/ Divulgação)

O casarão em questão foi construído por Theodoro Camargo – que junto do irmão Major José Inácio herdou uma fortuna na época áurea da produção cafeeira, com arquitetura e distribuição dos ambientes diferenciados, tudo pensado para ser a melhor opção para hospedar Dom Pedro II.

“Ele gastou mundos e fundos para construir aquele casarão e para receber Dom Pedro II, mas aí acontece tudo o que aconteceu: a Proclamação da República, Dom Pedro desterrado, e ele ficou com a dívida, que foi muito grande. Ela chegou a ser vendida com tudo dentro. Ele morreu de desgosto e endividado, ficou passado por conta disso”.

Historiadora da Fundação Pró-Memória, Leila Massarão.

Para a pesquisadora, toda essa história teve uma relevância imensurável para a história da cidade. “Foi uma visita que ficou marcada e que mesmo hoje as pessoas compreendem isso como um status, uma diferenciação”, finalizou.

Confira outras matérias do Especial de Aniversário de São Carlos:

Uma mistura de épocas: entenda as características dos prédios históricos do Centro de São Carlos

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Thayná Cunha
Thayná Cunhahttps://www.acidadeon.com/saocarlos/
Repórter do acidade on desde 2019. Graduada em jornalismo pela Uniara e pós-graduada em Marketing e Mídias Digitais, atuou como assessora de imprensa e social media e escreve, principalmente, sobre lazer, cultura e comportamento.
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