O grupo instrumental Pó de Café, de Ribeirão Preto, lança o terceiro single deste ano, “Tantas Mães”, canção inédita que conta com a participação especial da cantora Maria Rita. O pianista Murilo Barbosa, residente em São Carlos, faz parte do grupo desde 2012, quando fez os arranjos do primeiro disco da banda.
É a primeira vez em 12 anos de carreira que o Pó de Café grava uma canção com letra. A música é uma parceria entre o trompetista Rubinho Antunes e o poeta e produtor Eduardo Brechó, que também ajudou a produzir o novo disco da banda e cedeu a composição inédita para a gravação. “Ficamos felizes por ter ganhado essa música de presente e ainda por cima que ela tenha sido cantada por Maria Rita. Sou fã dela desde seu primeiro disco, é uma honra pra mim ter meu piano acompanhando essa voz, que está incrível nesse trabalho”, explica Murilo.
“Tantas Mães” é uma balada com referências ao feminino e ao universo cultural afro, desde os ritmos e toques que a acompanham até sua letra, que enaltece o acolhimento materno da deusa das águas Iemanjá. Eduardo Brechó diz que fez a música depois de tomar “uma chuva imensa” e chegar a sentir a presença de um raio. “Ainda acredito que algo do raio me acertou. Algum tempo depois, quando fiquei sabendo da intenção do Pó de Café de gravar um novo disco, corri pra terminar a letra. Fiz a referência a Abeokuta, cidade natal de Iemanjá, saudando a mãe de todos os peixes, como uma homenagem à maternidade de maneira geral”, conta Brechó, que também divide o crédito de arranjador da música com Rubinho.
A temática da música agradou a cantora Maria Rita, que também gostou do arranjo e aceitou o convite de gravá-la com o Pó de Café. “Quando o Brechó me mostrou a música, me arrebatou pela mensagem, pela poesia, pela melodia desafiadora”.
A cantora participou do processo criativo também, ouvindo a canção desde o nascimento, ao violão, a escrita da letra, até a decisão do tom e do formato da canção, já em estúdio, com a banda. “Isso gerou um carinho, de minha parte, pela música. Foi como se eu a tivesse gerado, de certa forma Por isso ela é maior do que se poderia explicar racionalmente, e eu entendo que o caminho da música é esse “Música” com “M” maiúsculo, neste caso em especial”, explica.
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A música estará em todas as plataformas digitais gratuitamente . Basta clicar nesse link e escolher onde quer ouvi-la a partir do lançamento. “Tantas mães” faz parte do novo disco do grupo, “Interior”, gravado em março deste ano e que deve ser lançado completo até o final do mês de junho.
Grupo Pó de Café e o novo disco
Formado por Rubinho Antunes (trumpete), Marcelo Toledo (sax), Murilo Barbosa (piano), Bruno Barbosa (baixo), Duda Lazarini (bateria) e Neto Braz (percussão), o Pó de Café gravou esse novo trabalho durante o mês de março de 2021, seguindo rígidos protocolos sanitários, com o uso de máscaras e distanciamento social e com apenas duas pessoas além da formação: o técnico Thiago Monteiro, que já gravou todos os trabalhos anteriores do grupo, e o produtor musical Eduardo Brechó, novo parceiro escolhido para colaborar na direção artística.
O novo disco é mais um passo adiante na constante evolução sonora do grupo. Apesar de seguir o caminho estético já bem estabelecido desde o disco “Amérika” (2016), com a fusão de elementos brasileiros, afrocaribenhos e jazzísticos, a nova obra traz pitadas de sonoridades mais elétricas, mais bem organizadas como a soul music. “Desde a escolha dos timbres, o tipo de captação e mixagem, até a própria estrutura das composições, mais voltadas a grooves, fomos levando as músicas para uma concepção mais direta, enxuta, ainda que carregada das linhas de baixo e levadas percussivas que sempre caracterizaram nosso som”, destaca Bruno Barbosa, baixista do grupo.
Sobre o Pó de Café
O grupo começou como um encontro informal de músicos profissionais de Ribeirão Preto que tinham a intenção de explorar a musicalidade do jazz e da música instrumental. Com sucesso do evento cultural “Jazz na Coisa”, que teve mais de 70 edições em parceria com o Espaço a Coisa entre 2010 e 2012, surgiu o impulso para gravar o primeiro disco: “Pó de Café”, em 2013, reuniu as composições de alguns dos músicos convidados que passaram pelas noites do Jazz na Coisa. Foi dessa forma que o pianista Murilo Barbosa passou a integrar o grupo, sendo convidado para fazer os arranjos, assim como o trumpetista Rubinho Antunes.
Em 2015, o Pó de Café foi selecionado pelo edital do PROAC (Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo) para gravar seu segundo disco, que marcaria uma inovação na sonoridade do sexteto: a exploração dos hibridismos musicais entre grooves brasileiros e afrolatinos. O percussionista Neto Braz foi escalado para a gravação e não saiu mais do grupo.
O show de lançamento do disco “Amérika” percorreu várias cidades do interior de SP, participou do festival SESC Jazz & Blues, fez parte da programação oficial da Semana Internacional de Música (SIM) de São Paulo, em dezembro de 2015 e recebeu convite para seu primeiro festival internacional, o Jazz à la Calle, na cidade de Mercedes (Uruguai), em janeiro de 2017.
E foi em 2017 que o grupo novamente entrou em estúdio para gravar o terceiro disco, novamente buscando um conceito sonoro que norteasse a produção e resultasse em um jazz brasileiro com uma cara diferente. Partindo da ideia de homenagear as raízes do grupo ribeirão-pretano, os instrumentistas pesquisaram a temática da música “caipira” e a traduziram numa linguagem jazzística moderna.
O resultado foi surpreendente e o disco teve ótima repercussão no meio especializado. Da Folha de S. Paulo, o veterano Carlos Calado incluiu “Terra” entre os 50 melhores discos de 2017; dO Globo, do Rio de Janeiro, Antonio Carlos Miguel elogiou a “volta às origens” do grupo; blogs do Brasil e do exterior, como o inglês UK Vibe, também listaram o disco entre os melhores do ano. Após dezenas de shows em 2017, em 2018 o grupo levou o show “Terra” ao teatro do BNDES, no Rio de Janeiro.
Em 2019, o Pó de Café fez uma espécie de retorno ao jazz tradicional afinal, a admiração pelo jazz norte americano foi o elemento que uniu os quatro músicos originalmente e homenageou os 60 anos do disco “Kind of blue”, do genial bandleader Miles Davis. No show, o grupo toca as 6 músicas do disco intercaladas com comentários do crítico musical e humorista Reinaldo Figueiredo.
Em 2021, após praticamente um ano sem apresentações e quatro sem novas gravações, o grupo finalizou o quarto disco da carreira, com temas compostos nesse período de pandemia, reforçando o projeto de celebrar o encontro das raízes musicais afro-brasileiras com os sons do jazz e umas pitadas de soul e black music.
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