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Lazer e CulturaO Museu de São Carlos e as “histórias que querem esconder”

O Museu de São Carlos e as “histórias que querem esconder”

Um dos espaços mais valiosos da cidade, o museu da Fundação Pró-Memória se destaca trazendo fatos mais abrangentes, senso crítico e reflexões

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Vanessa Dias é historiadora mestra e trabalha há quase uma década no museu. Foto: Thayná Cunha/acidade on
Vanessa Dias é historiadora mestra e trabalha há quase uma década no museu. Foto: Thayná Cunha/acidade on

É um fato que museus são espaços ricos em conhecimento, mas nem sempre o que foi contado ao longo de tantos anos é a “verdade” sobre uma história. Neste sentido, o museu de São Carlos, que fica na Fundação Pró-Memória, não conta apenas o que já é conhecido, mas trabalha para trazer também um senso crítico e reflexões apresentando “as histórias que querem esconder”. 

Definir um museu é uma tarefa bastante complexa, já que cada espaço tem a sua particularidade, mas uma das coisas que não se pode negar é a cultura de que os museus servem para “expor as antiguidades”. Hoje, na capital da tecnologia, o trabalho dos historiadores, museólogos e educadores é mais intenso e profundo. 

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Uma das profissionais que trabalham no museu da cidade há quase uma década é a historiadora mestra Vanessa Dias. Ela conta que o espaço foi assumido pela Fundação Pró-Memória em 2012, e que o que antes era histórico pedagógico, se transformou em um museu de cidade.  

“A gente passa a trabalhar com recortes da história, mas a população ainda está acostumada com aquela história tradicional, então temos aquela resistência. Pensam ainda apenas naquele museu de curiosidade, que expunha tudo, mas não contava história nenhuma”, explicou. 

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Segundo Vanessa, o museu é mais do que um espaço de exposição de fatos que ocorreram, se trata de contextualização, senso crítico e de realidade, de abordar questões sociais, políticas e culturais, assim como o papel do historiador.

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“O museu da cidade está contando a história da cidade ou contando a história que as pessoas querem que seja contada? Toda a história da cidade é formada por essas pessoas e não dá para colocar debaixo do pano e fingiu que nunca existiu. São as pessoas que foram invisíveis todo esse tempo na história”, contou. 

Para ela, é extremamente importante também trazer assuntos que não são tratados pela história oficial e que acabam ocultados. “Acho que é por isso que em todos os momentos da história, quando grandes políticos e governos querem abafar movimentos sociais e políticos, é através do negacionismo e de tentar o apagamento histórico”.

Livros que estão disponíveis no Museu de São Carlos. Foto: Thayná Cunha/acidade on
Livros que estão disponíveis no Museu de São Carlos. Foto: Thayná Cunha/acidade on

O senso crítico em exposições
A última exposição feita pelo museu foi a “Somos esporte”, cujo objetivo era retratar o esporte diante do ano olímpico e abordar também a história da cidade na relação esportiva.

Coletando dados, objetos e depoimentos para o acerto, a exposição também trouxe um senso crítico ao abordar, por exemplo, a inserção da mulher desde a ditadura – quando eram proibidas de praticar esportes “violentos” que colocariam em risco “a principal função de ser mãe” -, e os negros na época em que o futebol ainda não era aceito pela sociedade. 

“São feridas que a gente tem que tocar. A gente precisa tratar de questões sociais, políticas e culturais, o museu está ali para isso, a gente vai descobrir toda essa história que está por trás do acervo”, comentou Vanessa. 

Outra mostra que também foi bastante comentada foi a da Guerra Civil de 32, que apresentou um espaço de educação e difusão da história com objetivo de incentivar a reflexão e o senso crítico sobre o período.  

“Sempre se conta de uma maneira muito fanista, e a gente fez uma exposição com uma visão crítica de como foi 32 e como se contou, e é interessante porque até hoje a gente recebe pedidos para expor ela em outros lugares”, contou Leila Massarão, diretora da Fundação. 

As duas exposições foram transformadas em livros que estão disponíveis na Fundação junto com as publicações “Guia do Museante”, que traz informações sobre o trabalho feito no museu, e “O Bonde do Balão”, que conta sobre um dos pontos turísticos mais famosos da cidade. 

A historiadora Vanessa Dias e a diretora da Fundação, Leila Massarão. Foto: Thayná Cunha/acidade on
A historiadora Vanessa Dias e a diretora da Fundação, Leila Massarão. Foto: Thayná Cunha/acidade on

Neste momento, o museu está fechado para visitação por estar sendo preparado para receber uma nova exposição, prevista para dezembro deste ano, que vai trazer a história do trabalho na cidade. 

“Não vamos deixar de falar do trabalho escravo, que foi o que deu base, gerou riquezas e muita coisa dentro da cidade. A gente não pode deixar de contar essa parte da história. A gente traz mulheres, leis trabalhistas em uma linha do tempo, através de pesquisas, de exposição, de ações educativas, mostrar como foi o desenrolar da história e o que a gente está vivendo atualmente”, completou a historiadora Vanessa Dias.

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