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São CarlosLazer e CulturaPersonagens da nossa cidade: Yvonne Primerano Mascarenhas é pioneira na Cristalografia

Personagens da nossa cidade: Yvonne Primerano Mascarenhas é pioneira na Cristalografia

Yvonne destaca como a vida em São Carlos, uma cidade de aproximadamente 40 mil habitantes na época, facilitou sua rotina profissional e pessoal

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Yvonne Primerano Mascarenhas, 93 anos, premiada professora universitária e pesquisadora nas áreas da química e física, dedica-se à cristalografia, campo voltado à análise da estrutura molecular de substâncias. Com raízes em Pederneiras, ela se tornou uma “são-carlense de coração”, realizando suas maiores conquistas acadêmicas e profissionais em São Carlos, a “Capital da Tecnologia”.

Trajetória e Chegada em São Carlos
“Minha vinda para São Carlos se deveu ao acaso. Meu pai, Francisco Primerano, que já tinha passado por muitas dificuldades, nasceu em Pederneiras e foi lá que conheceu minha mãe. Na década de 40, meus pais se mudaram para o Rio de Janeiro, onde fui criada e me graduei em física e química na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Por um acaso, meu pai se encontrou com o professor Theodureto Souto, e ele falou que estava fundando a Escola de Engenharia em São Carlos e que estavam com problemas para encontrar professores de física”, conta Yvonne. Ela explica que, na época, ela e o marido haviam acabado de se formar em física, e seu pai – muito coruja – falou que o problema estava resolvido.

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“Meu pai então disse: ‘Seu problema está resolvido, pois minha filha e meu genro são formados em física e trabalham com um cientista importante no Rio de Janeiro – o professor Costa Ribeiro – e talvez eles tenham interesse.’” Sérgio Mascarenhas, então marido de Yvonne, veio para a cidade conhecer a escola que estava sendo criada e tinha uma forte função de pesquisa e desenvolvimento. Assim, ambos acabaram aceitando o convite no ano de 1956.

Primeiros Passos na Pesquisa em São Carlos
No início, a antiga Escola de Engenharia, situada na rua 9 de Julho, tinha pouca infraestrutura para pesquisa científica. Yvonne e Sérgio receberam do professor Costa Ribeiro um eletrômetro, necessário para fazer pesquisas como as que realizavam no Rio de Janeiro.

“Além disso, o professor que antecedeu o casal havia pedido um gerador de raio-X, pois estudava o efeito da radiação em seres vivos. Mas o equipamento ainda estava encaixotado, pois, até acertar a importação do aparelho, o professor já havia ido embora. Foi então que Sérgio foi até o fabricante e trocou o aparelho por um apropriado para fazer difração de raio X para análise de materiais. Então, tínhamos dois aparelhos importantes para começar a fazer pesquisas de propriedades elétricas de isolantes”, ressalta.

Em 1959, o casal realizou um treinamento especializado em difração de raios-X nos Estados Unidos e, ao retornar, estabeleceu um laboratório pioneiro na técnica, formando novos pesquisadores na área.

“Criei um certo número de estudantes que aprenderam e começaram a fazer trabalhos nessa área”, ressalta.

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Vida em São Carlos: A Comunidade e o Trabalho
Yvonne destaca como a vida em São Carlos, uma cidade de aproximadamente 40 mil habitantes na época, facilitou sua rotina profissional e pessoal. Ao contrário do Rio de Janeiro, onde enfrentava longas distâncias, em São Carlos ela se deslocava rapidamente, criando um ambiente de trabalho propício para suas pesquisas. Além disso, a comunidade acolhedora e a infraestrutura acadêmica permitiram que ela e Sérgio cultivassem relações duradouras e um ambiente estimulante para estudantes.

“Nós fomos muito bem recebidos pela comunidade são-carlense, tivemos bons amigos logo que chegamos a São Carlos. Tivemos um ambiente bom tanto com pessoas da cidade como com a comunidade de docentes. Naquele tempo fazíamos muito contato, muitas visitas, finais de semana agradáveis.”

Memórias de Resistência e Crescimento de São Carlos
Em uma “linha do tempo” de desenvolvimento, Yvonne destaca o crescimento e valorização cultural de São Carlos, que se transformou em uma cidade universitária de excelência.

“Se a gente for pensar como uma linha do tempo, tenho certeza que não passava cinco ou dez anos sem que surgisse alguma coisa interessante. Isso fez com que a cidade se desenvolvesse cada vez mais e tornasse cada aniversário especial. Podemos cantar parabéns para você com muita sinceridade, porque a cidade cresceu, evoluiu e ficou cada vez mais confortável, com valorização da cultura e universidade.”

A pesquisadora também destaca a importância do CDCC, que aproxima a universidade das escolas.

“Essa interação é muito boa, pois isso tem levado muito estímulo para jovens que querem fazer vestibular, que querem se desenvolver, que têm a ambição de estudar mais e ter ambição de vida. Durante a ditadura militar, houve muita repressão, principalmente com os estudantes, e o que mais me marcou foi uma manifestação dos estudantes, que desciam a Avenida São Carlos. Eu, morrendo de medo que a polícia fosse para cima, fui acompanhando com meu carro para dar suporte. Para mim, as coisas do dia a dia não me chamam a atenção, mas quando estamos em um estado de atenção, com tantos colegas perseguidos, alunos aparecendo presos, foi uma coisa que me impressionou muito”, finaliza.

Neste ano, Yvonne foi reconhecida por seus estudos e recebeu o Prêmio “Carolina Bori” Ciência & Mulher, outorgado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A pesquisadora foi contemplada na área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra.

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Gabriela Martins
Gabriela Martinshttp://www.acidadeon.com/araraquara
Editora do ACidade ON Araraquara e São Carlos, está no portal desde 2018. Formada há 13 anos, atuou como repórter da Tribuna Impressa de Araraquara por mais de sete anos e tem experiência em marketing em mídias digitais -gabriela.martins@acidadeon.com

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