Em rompimento ao acordo costurado pelo presidente Jair Bolsonaro, a pastora evangélica Damares Alves (Republicanos), ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, “relançou” nesta sexta-feira, 5, sua candidatura ao Senado pelo Distrito Federal, como antecipado na quinta-feira pelo Broadcast Político. A primeira-dama Michelle Bolsonaro endossou a escolha de Damares e compareceu ao evento do Republicanos que cravou a candidatura.
Damares será candidata em chapa avulsa e enfrentará nas urnas a ex-ministra Flávia Arruda, do PL de Bolsonaro. Ainda assim, a ex-ministra decidiu apoiar a candidatura à reeleição de Ibaneis Rocha (MDB), que formou chapa com Flávia, e terá o apoio do União Brasil, com o presidente do partido no DF, Manoel Arruda, como suplente.
A volta de Damares à corrida pelo Senado é mais um capítulo da cisão do bolsonarismo no Distrito Federal. Por intervenção direta do presidente da República, a pastora teve de abandonar sua candidatura na aliança de Ibaneis. Acabou resgatado acordo firmado em 2021 entre o chefe do Executivo local e Flávia Arruda. A costura deixou a ex-ministra da Mulher sem espaço e irritou o Republicanos, que apoia a reeleição de Bolsonaro.
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Em evento em Brasília nesta sexta-feira, Damares afirmou que o chefe do Executivo não vai se envolver na disputa. “Tanto eu como a Flávia não seríamos irresponsáveis de colocar o presidente da República na parede. O presidente tem que cuidar da campanha dele. Ele tem que ganhar a eleição. Então, o presidente da República não vai se envolver na campanha local. Não vai”, declarou.
A primeira-dama, por outro lado, terá papel ativo na campanha, afirmou a pastora. “Nós queremos fazer uma bancada pró-vida no Senado Federal. E ela com certeza vem. Vem para apoiar, vem para ajudar, vem para pedir voto. Vem para estar comigo”, declarou.
A ex-ministra também disse respeitar Flávia, mas que “vai para a disputa”. “Eu entendo que a população do DF precisa ter uma outra proposta”, afirmou. “Vai ganhar quem tiver mais voto. E digo para vocês: quem vai ganhar sou eu”.
Damares ainda revelou não ter conversado com Flávia, mas que Bolsonaro já sabe da sua candidatura. “O presidente quando soube que eu voltei para o páreo, disse simplesmente ‘tudo bem’, ‘apoio’, ‘seja o resultado que as urnas desejarem’. Ele está muito confortável. Ele tem duas candidatas”.
O presidente do Republicanos-DF, Wanderley Tavares, disse que Bolsonaro, “no fundo”, nunca quis tirar Damares da disputa. “É do coração dele. É a fiel escudeira dele e provou isso no dia que ele pediu para ela (deixar a disputa pelo Senado). Ele pediu para ela desistir de um sonho, porque quando você se lança na política, você não é um candidato de um CNPJ, não é um poste”, declarou. “Tentaram calar o sonho dela, mas aqui no Republicanos não calaria a causa que ela defende. O Republicanos é o verdadeiro partido conservador do País. E a Damares é hoje a maior representante dessa classe no País”, emendou.
O Republicanos queria lançar Damares ao Senado numa chapa com o senador Reguffe (União Brasil), mas o parlamentar não foi oficializado por seu partido como candidato ao governo do DF. Diante disso, Tavares procurou Ibaneis na noite desta quinta-feira, 4, e fechou a aliança em torno da reeleição do emedebista.
A reportagem já havia adiantado em 27 de julho que o Republicanos havia se irritado com Bolsonaro e negociava lançar Damares em chapa avulsa.
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