O Ministério da Defesa publicou nesta quarta-feira, 30, uma ordem do dia celebrando o golpe de Estado de 31 de março de 1964, que culminou na ditadura militar, em que qualifica a ação como um “movimento” e um “marco histórico da evolução política brasileira”. O documento também diz que o golpe agiu para “restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil”, ainda que não haja nenhuma evidência histórica para sustentar tal afirmação.
A ordem do dia às vésperas do aniversário do golpe do dia 31 de março é uma tradição mantida desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2019. O texto é assinado pelo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, que vai deixar o cargo nesta quinta-feira, 31, e deve ser o vice na chapa de Bolsonaro nas eleições de outubro.
O documento diz que sociedade brasileira “conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político” nos anos seguintes ao dia 31 de março de 1964.
A ditadura militar durou 21 anos no País e, durante o período, proibiu eleições diretas, perseguiu e torturou opositores e decretou censura à imprensa. Cidadãos contrários ao regime militar como o ex-deputado Rubens Paiva e o jornalista Vladimir Herzog foram assassinados.
No documento, Braga Netto defende que é preciso “isenção e honestidade” para se avaliar fatos históricos e que “a história não pode ser reescrita” sem contextualização. Também alega que o mobilização teria sido apoiada por famílias, igrejas, empresários, políticos, a imprensa, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as Forças Armadas e a “sociedade em geral”.
O ministro ressalta ainda que civis e militares deixaram “um legado de paz, liberdade e democracia” no período, “cuja preservação demanda de todos os brasileiros o eterno compromisso com a lei, com a estabilidade institucional e com a vontade popular”.