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PolíticaDiscussão sobre metodologia e "ensaboada" de promotor ofuscam reunião sobre o Plano de Mobilidade de São Carlos

Discussão sobre metodologia e “ensaboada” de promotor ofuscam reunião sobre o Plano de Mobilidade de São Carlos

Na Capital da Tecnologia, uso de método moderno causa reclamações entre especialistas; “velhos conhecidos”, problemas de tráfego ganharam “ares científicos” com FGV

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Reunião sobre o Plano de Mobilidade terminou às 22h, com poucas conclusões. (Foto: Bruno Moraes/acidadeon)
Reunião sobre o Plano de Mobilidade terminou às 22h, com poucas conclusões. (Foto: Bruno Moraes/acidadeon)

Discussões sobre a metodologia aplicada e a sombra de eventual judicialização ofuscaram a audiência pública para discutir a montagem do Plano Municipal de Mobilidade Urbana, realizada na noite de quinta-feira (9), na Câmara Municipal.

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Secretários municipais, membros de conselho, da academia, sociedade civil organizada se reuniram com técnicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que apresentaram os resultados da pesquisa Origem/Destino. Conclusões de que o transporte público é ineficiente, de que são necessários investimentos em ciclovias, calçadas e na infraestrutura viária – temas que ganham consenso – ganharam ares científicos com a pesquisa paulistana realizada na cidade.

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Na Capital da Tecnologia, aliás, o uso de uma modernidade causou arrepios em membros da Câmara de Mobilidade Urbana do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (Comdusc). A opção da Prefeitura e da FGV pela utilização de base de dados da rede de celulares para rastrear as movimentações espaciais de parte da população – cerce da pesquisa Origem/Destino (OD) – fez com que técnicos locais, formados por USP e UFSCar, torcessem o nariz. A preferência local é por pesquisa física e domiciliar – mais tradicionalista.

A pesquisa Origem/Destino é importante para descobrir de onde e para onde as pessoas vão ao longo do dia na cidade. O levantamento pode nortear investimentos públicos em malha viária, transporte coletivo, entre outros, de forma mais focada, com maior eficiência.

Para Denise Rasera, membro da Câmara de Mobilidade Urbana, da forma como foi realizada, a OD da FGV ignora pessoas que não têm celulares mais modernos ou sequer têm o aparelho, como idosos, crianças e pessoas de mais baixa renda.

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“Idosos e crianças, por exemplo, são grupos populacionais que, provavelmente, estão prejudicados e não estão mapeados nesta pesquisa Origem/Destino, justamente porque não estão vinculados a um celular”, pondera.

Para a participante da audiência, São Carlos poderia ter optado por caminho semelhante ao de Araraquara, que realizou pesquisa com algo em torno de 2 mil pessoas, pagando cerca da metade do R$ 1 milhão desembolsado pela Capital da Tecnologia. O processo da cidade vizinha, elogiado por Denise, foi mais rápido e transparente.

Em defesa, o consultor da FGV Marcos Bicalho afirmou que a própria pesquisa presencial tem suas falhas. O questionário domiciliar, na opinião dele, abre espaço para que apareçam “buracos”, principalmente em pequenos deslocamentos diários.
 

“Quando se pergunta para onde foi ontem, a pessoa pode esquecer de dizer que foi à padaria, que foi fazer tal coisa, até porque muitas pessoas não se lembram completamente do que fizeram. Quando há alguém em casa, essa pessoa relata a viagem dela e a da família inteira. Se o filho foi para a escola e depois foi jogar bola, o pai nem sempre ficou sabendo. A abordagem domiciliar tem uma série de sub-reportagens”, opina.

Bicalho afirma que a pesquisa via celular é feita pela Claro, líder de mercado em São Carlos. São cerca de 40% de aparelhos ligados à rede da companhia e que foram avaliados na pesquisa OD. Telefones que seguiram trajetos de linhas de ônibus foram considerados de passageiros; deslocamentos a 5 km por hora, pedestre; velocidade maior, transporte a motor.
 

“Esse método não é uma aventura, não é uma invenção de São Carlos, da FGV. O Metrô de São Paulo está fazendo pesquisa por meio de big data, é uma coisa fantástica hoje”, considera.

“Ensaboada” do promotor
A discussão sobre qual metodologia é melhor chegou à mesa do Ministério Público de São Carlos. O promotor Sérgio Domingues de Oliveira, presente na audiência, fez um apelo para que a sociedade entre em consenso sobre o andamento do Plano de Mobilidade. As falas foram consideradas como uma “ensaboada” nos presentes: a opção por A ou B não é assunto judicial, é cívico, mas o MP não se furtaria de entrar no assunto, se instado.
 

“Eu vejo essa dicotomia e o que eu tenho a dizer que a missão de produzir [o Plano de Mobilidade] é do município, não é do Ministério Público. A Promotoria está como fiscal da lei olhando o que está acontecendo, para ver irregularidade e abusos e tudo mais. Quem tem que se mover para resolver é a Prefeitura, a Câmara Municipal, a empresa”, repreendeu.

Caso a contenda não seja resolvida, o Ministério Público poderá aprofundar investigação sobre o plano e, ainda, solicitar perícia técnica para avaliar qual a modalidade (presencial ou digital) é a mais adequada. O processo poderá demorar meses e findar com a anulação de tudo o que foi feito aqui. Pelo menos R$ 1 milhão foi gasto pela administração municipal.
 

“É interesse de todos. Não é sentar na cadeirinha, dizer: estou certo, estou certo, estou certo. Não é verdade. Acho que está na hora da gente aprender aqui em São Carlos a resolver essas coisas, encontrar o caminho. Senão a gente vai ficar debatendo, debatendo, e a cidade [faz um movimento de derrubada com as mãos]”, opinou.

Promessa de novas discussões
O secretário de Transportes e Trânsito, Cesinha Maragno, prometeu, ao fim da audiência, que fará nova reunião com técnicos locais, Câmara Municipal, membros da Câmara de Mobilidade e representantes da FGV para discutir uma saída para a contenda.

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