A prescrição de medicamentos do chamado “kit Covid” gerou um debate acalorado entre os vereadores na sessão desta terça-feira (6) na Câmara Municipal de São Carlos.
Favorável ao tratamento precoce, o vereador Moisés Lazarine (PSL) falou sobre o atraso de salários dos servidores públicos municipais e criticou o vereador Djalma Nery (PSOL) por ter denunciado uma operadora de saúde ao Ministério Público. “Nenhum trabalhador merece ter o salário atrasado (…). Mas essas mesmas pessoas que dizem defender o direito do trabalhador, que são de partidos que dizem defender o direito do trabalhador, são as mesmas pessoas que, ao mesmo tempo, procuram o Ministério Público e tentam impedir que médicos trabalhadores tenham direito de trabalhar e prescrever”.
O parlamentar disse também que a militância e a “lacrosfera” vêm fazendo de tudo para inviabilizar o desenvolvimento do país e defendeu o presidente Bolsonaro. “Se hoje o presidente descobrir a cura para o câncer, o câncer da oposição, juntamente com a militância (…) vão se posicionar contra. A determinação de um dos grandes líderes da oposição é se posicionar contra tudo e todos”.
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Prosseguindo em seu discurso, Lazarine insinuou que alguns vereadores de São Carlos que se opõem ao governo Bolsonaro são opositores da vida. “Isso mostra como a política, o projeto de poder, está muito acima do que salvar vidas. Salvar vidas ficou muito distante dos reais interesses desses opositores da vida. São os mesmos que defendem o aborto, os mesmos que defendem a legalização das drogas, como se drogas não tivessem efeito colateral”.
Contraponto
Após ouvir a fala do colega, a vereadora Professora Neusa (Cidadania) subiu o tom de voz para responder as acusações feitas por Lazarine de que os opositores ao governo seriam contra a vida, o povo e a democracia. “Não fique xingando e fazendo as outras pessoas a usarem. Não admito que fale que nós somos contra a ciência. Se eu não quiser usar ivermectina, eu não vou usar. Use você. Use quem quiser. Não venha dizer que a gente não é brasileira, que a gente está contra a vida”.
O vereador Rodson Magno (PSDB) apoiou a fala da professora e disse que não existe varinha mágica para combater o coronavírus. “Não tem varinha mágica. É para tomar remédio A, para tomar remédio B, isso tudo é balela. Se tivesse, já teriam colocado lá no começo e não tinha chegado nesse ponto. A solução é usar máscara, é vacinação e as pessoas se cuidarem. Cada um fazer o seu papel, cada um usar máscara, fazer o distanciamento. Esse é o segredo”.
O parlamentar também lamentou o nível que a pandemia atingiu no Brasil e criticou o governo Bolsonaro por ter negado a vacina. “Infelizmente, nós temos um governo que negou por muito tempo a questão da vacina. E isso tem que ser dito. Muitas pessoas ainda fazendo festa, se aglomerando. É lamentável a situação, mas não existe mágica. Enquanto não vacinar todos os brasileiros, nós não teremos um resultado positivo”, afirmou.
O vereador Djalma Nery disse que é inadmissível a maneira como um ou dois vereadores vêm se comportando nos debates e pediu respeito. “Um ou dois vereadores têm se expressado de forma grosseira em grupos de WhatsApp, de forma violenta, virulenta. Nas falas da tribuna e até no chat dessa plataforma. Isso é inadmissível”.
O psolista pediu o fim das “baixarias” e defendeu a união dos vereadores para resolver os problemas da cidade. “Eu acho que as pessoas têm o direito de expressarem ideias, opiniões, propostas e divergir de maneira fraterna, franca. Mas não de se atacarem, se acusarem. Que a gente possa deixar esse capítulo para o passado e, de fato, desenvolver um novo trabalho, de diálogos construtivos”.