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PolíticaO que pensam os pré-candidatos sobre as enchentes em São Carlos?

O que pensam os pré-candidatos sobre as enchentes em São Carlos?

Reportagem faz parte da série que ouve os “prefeituráveis” os principais temas da administração pública municipal

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Os pré-candidatos a prefeito de São Carlos opinaram sobre o que é considerado um dos principais dramas vivenciados pela população: as enchentes.

A reportagem faz parte da série que ouve os “prefeituráveis” os principais temas da administração pública municipal.

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Foram ouvidos os três “prés” que se dispuseram publicamente como postulantes ao principal cargo do Poder Executivo.

Já foram publicadas as avaliações, opiniões e planos dos “prés” para a Educação, Saúde, Segurança Pública e Zeladoria, Limpeza Urbana e Saneamento Básica, Moradia e Mobilidade Urbana.

A publicação das opiniões dos candidatos lado a lado possibilita ao leitor – e eleitor – a comparação das propostas, dando a ele maior consciência na hora de escolher para quem dar o voto. As respostas estão em ordem alfabética, considerando o prenome do entrevistado. Cada político teve até 4 minutos para responder.

Entre outubro e março, São Carlos fica em estado permanente de tensão. Uma nuvem mais escura no céu é motivo de temor. Comerciantes deixam as comportas prontas para serem usadas: em menor sinal de chuva, cada um tenta salvar seu comércio ou casa como pode.

As enchentes têm causado morte e prejuízos incontáveis. E São Carlos precisa fazer frente a este problema. Diante de tal realidade, o acidade on pergunta: — O que você pensa e quais são seus planos para combater as enchentes?

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Netto Donato (PP)

Esse é o carro-chefe. Esta é a marca do futuro governo, se Deus permitir que assim aconteça. Sempre temos prioridades dentro da administração pública. Educação e saúde são áreas que todos os governos devem elencar como prioridade. Além destas, nós, eu como pré-candidato e o pré-candidato a vice João Miller, identificamos as enchentes como o principal problema a ser resolvido. Acredito que é a responsabilidade da nossa geração resolver esse problema, já que as gerações passadas infelizmente fracassaram nesse ponto.

No último um ano e oito meses, o prefeito Airton Garcia me permitiu elaborar um planejamento para combater as enchentes em São Carlos. Estamos agora atuando com ciência, técnica e planejamento, ao invés de improvisação. Contratamos uma empresa especializada em drenagem e enchentes, com experiência não só no estado de São Paulo, mas também em outros estados do Brasil, como no bairro do Pacaembu em São Paulo, onde o problema de alagamentos foi resolvido com sucesso.

Formamos uma comissão com vários engenheiros experientes na prática dessa área, juntamente com o Ministério Público e secretários municipais, para apresentar propostas à empresa especializada. Um pré-projeto já foi entregue e o projeto final será conhecido até o final do ano. Este será um legado que o prefeito Airton Garcia deixará para São Carlos, criando um plano que deverá ser seguido por futuras administrações.

No passado, prefeitos fizeram obras individuais que, em vez de resolver, pioraram a situação das enchentes, como levantar pontes que aceleraram o escoamento da água, criando gargalos, como no Mercadão.

São Carlos terá um plano abrangente, e isso me motiva a ser prefeito, sabendo como as enchentes afetam a população e os comerciantes. As enchentes não ocorrem apenas no Mercado Municipal; há vários pontos críticos na cidade. Nos últimos dois anos, concluímos 17 obras de combate às enchentes em locais como o Aracy, Lago Serena e Cardinali.

A grande obra de macrodrenagem está sendo realizada na rotatória do Cristo, incluindo melhorias no córrego Mineirinho e no Recreio dos Bandeirantes, após a linha do trem. Com tudo isso acho que podemos vencer o problema das enchentes na cidade.

Mario Casale (Novo)

Com relação às enchentes, eu tenho uma boa experiência de trabalho nisso por conta do projeto Enchente Zero, do Move Sanca, um projeto que comecei quando estava no Conselho de Defesa Civil da cidade, indicado pela Ciesp. Vi que não havia um projeto com prazos definidos para tratar desse problema e comecei a trabalhar nisso.

O que vejo é que a cidade precisa unir conceitos de infraestrutura verde e infraestrutura cinza. Temos que trabalhar o modelo de cidade esponja. Inclusive, estive em Curitiba recentemente, onde esse conceito é bem implementado. Lá, há muitos parques e praças, e eles tentam manter o máximo possível de áreas com drenagem, áreas que permitem a infiltração da água. Precisamos melhorar muito isso em São Carlos, porque temos um relevo que facilita o rápido escoamento de água, com poucas árvores no centro da cidade, o que contribui para a impermeabilização do solo.

Um exemplo é o córrego do Gregório, que foi totalmente fechado na região do Mercadão. A água procura seu leito natural, mas não o encontra, causando alagamentos. Falta também manutenção das tubulações, e muitas bocas de lobo estão entupidas, agravando o problema.

Precisamos unir a infraestrutura cinza, como a instalação de piscinões em locais estratégicos, com a infraestrutura verde, que envolve criar parques lineares em torno dos rios e áreas verdes que permitam a penetração da água. A canalização de rios também impede a permeabilidade do solo, contribuindo para as enchentes, já que o rio, quando enche, não consegue infiltrar no solo devido às caixas de cimento.

Vamos precisar de um projeto de longo prazo, pois não se resolve isso em uma gestão de quatro anos. É essencial discutir com a sociedade para encontrar a melhor solução, já que é um projeto caro e demorado. A sociedade precisa concordar com o projeto que será levado adiante.

Hoje, existe um projeto em desenvolvimento, mas, na minha visão, não foi discutido com a sociedade. Participei de uma reunião, que não foi nem uma audiência, onde o projeto foi apresentado sem possibilidade de perguntas. Fomos orientados a procurar a prefeitura para esclarecer dúvidas. Ou seja, não houve qualquer diálogo com a sociedade sobre a solução que querem implementar para o córrego do Gregório e a bacia do Simeão, que também foi canalizada.

Precisamos pensar em um novo plano, junto com a sociedade, que una infraestrutura cinza e verde. Devemos considerar áreas de drenagem verdes, com árvores, e opções de microdrenagem, como o uso de poços de infiltração, para aumentar a capacidade de absorção da água.

Newton Lima (PT)

Nós vamos criar um gabinete permanente de combate às enchentes, fazendo um trabalho contínuo de acompanhamento da macrodrenagem da cidade. Por quê? Porque os fenômenos climáticos e os desastres naturais vieram para ficar. O ser humano negligenciou a natureza e o resultado, como vimos recentemente no Rio Grande do Sul, é dramático e fora de controle. Em dezembro de 2022, tivemos a morte de uma professora aposentada aqui em São Carlos, e em Araraquara houve a tragédia de uma família inteira.

Estamos trabalhando para refazer o projeto de combate às enchentes e monitorar esse trabalho, estudando o projeto que a atual prefeitura apresentou, para saber se é tecnicamente adequado para nossa cidade. As chuvas de dezembro de 2022 causaram desastres em Araraquara. A prefeitura de lá rapidamente fez um projeto, que foi aprovado pelos órgãos do governo do Estado e do governo federal. O dinheiro já chegou e a obra começou. Enquanto isso, nossa prefeitura atual demorou para apresentar uma proposta de combate às enchentes, mesmo tendo uma obra já iniciada em Araraquara.

Nossa cidade, conhecida como a Capital da Tecnologia, deveria ter mantido a continuidade dos projetos que deixamos até 2012, no final do governo Oswaldo Barba [PT]. Como deputado federal, eu garanti recursos para essas obras, mas elas foram engavetadas por problemas políticos incompreensíveis. Agora, é hora de recuperar o tempo perdido, utilizando nossa grande expertise.

Quero destacar que, na primeira e segunda gestões do Newton Lima e nas gestões do Oswaldo Barba, tínhamos secretários e secretárias extremamente competentes, com currículos sólidos e vasta experiência em gestão pública, o que fazia tudo funcionar. Hoje, vemos pessoas nas secretarias que pouco ou nada conhecem sobre os cargos que ocupam. É triste ver a falta de conhecimento técnico, de vontade e de digitalização dos processos, o que atrasa qualquer tentativa de resolver problemas.

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Bruno Moraes
Bruno Moraeshttps://www.acidadeon.com/saocarlos/
Bruno Moraes é repórter do acidade on desde 2020, onde faz a cobertura política e econômica. É autor do livro “Jornalismo em Tempos de Ditadura”, pela Paco Editorial.
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