Uma professora de geografia de 28 anos causou um verdadeiro tsunami político em São Carlos na terça-feira (26). Signatária da denúncia cidadã que colocou a gestão Airton Garcia (UB) na berlinda, a moradora da região da Vila Nery se diz indignada com a atual situação vivida na cidade.
O pedido de Comissão Processante aprovado na Câmara Municipal ontem (27) aponta para denúncia feita pelo Ministério Público do Estado de São Paulo que pede a condenação de Airton Garcia, de Rosangela Catani e Souza, esposa do político e pré-candidato a deputado estadual Júlio César Pereira de Souza (PL), por causar prejuízo de mais de R$ 300 mil aos cofres públicos por manter locação de terreno no Cidade Aracy sem utilidade pública.
Formada em geografia pela Unesp, mestre pela UFSCar, a professora da rede estadual Natália Nabhan tem atuação política como presidente do Diretório Municipal do PSOL. Ela classifica como “histórico” o momento e diz que o processo “dá esperança” para São Carlos.
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“Que os vereadores estudem todo esse processo no decorrer dos 90 dias da comissão processante, ouvir a todos, ouvir o prefeito também. Que comprovadamente afaste ele e traga uma esperança para essa cidade de São Carlos através deste processo”, afirma.
Para a professora, a Prefeitura passa por processo de “abandono” e que o momento é de a Câmara Municipal entender da necessidade de investigar a situação além das questões políticas.
“Está aí, é um processo público que nele tem provas e provas que mostram um terreno usado para outros fins, fins de desvio de dinheiro. Esse recurso, eu como professora, vejo faltando muito aqui na cidade”, comenta.
Natália vê o processo apresentado pelo Ministério Público e usado como lastro da denúncia à Câmara Municipal como algo “grave do começo ao fim”.
“Era um terreno que teve que ser fechado pela Cetesb, mas ficou lá [sendo pago]. Ninguém sabia se era alugado pela Prefeitura ou não. Pessoas requerendo esses impostos deste terreno, ora se alternavam, ora era pessoa falecida por procuração. Enquanto isso esse dinheiro público [estava] entrando na conta de outras pessoas e esse terreno parado, sem nenhum valor social, lucro social”, relata.
Fábula sobre a Democracia
A abertura do pedido de Comissão Processante, que conta 61 páginas, tem um trecho de “Uma Fábula sobre a Democracia” de Francisco Alencar. O breve texto conta a história de um pardal que acreditava que ao comer ovos se tornaria um gavião.
“Contou esse segredo aos seus amigos, que o apoiaram e se tornaram gaviões-pardais como ele, passando a controlar a vida da mata: impuseram decretos-leis, formaram um exército, introduziram a censura, suspenderam as eleições.”
Um dia, um grupo de descontentes protestaram e descobriram que a força dos “gaviões-pardais” estava na alimentação por ovos. Ao esconder a fonte de energia, o grupo perdeu poder e voltou a ser apenas “pardais”.
O texto ainda passa pelas acusações feitas pelo Ministério Público de São Paulo ao prefeito Airton Garcia, à Rosangela Catani e Souza, esposa do ex-candidato a prefeito e atual candidato a deputado estadual Júlio César Pereira de Souza (PL), de terem firmado contrato de aluguel de um terreno que na maior parte do tempo ficou inutilizado.
A peça acusa as partes de “promíscua relação no âmbito da gestão do prefeito Airton Garcia Ferreira”, que “à luz da moralidade pública, deve ser investigada” pela Câmara Municipal.
O documento lembra que Airton e Rosangela, além do secretário da Fazenda, Mário Luiz Duarte Antunes, são réus por improbidade administrativa.
A acusação política pede para a Câmara analisar se houve omissão, negligência e quebra do decoro por parte do prefeito Airton Garcia.
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